MERCADO - 2017 será positivo para o agronegócio brasileiro, prevê analista

“Não temos política agrícola de longo prazo, nem linhas de investimentos agrícolas permanentes. Também faltam estoques reguladores e regras de intervenção”, criticou o especialista Carlos Cogo em entrevista à Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)
17/10/2016

Cenário é favorável para café, grãos, pastagens, cana-de-açúcar e hortícolas, mas problemas internos ainda precisam ser resolvidos.

"Se depender do clima, 2017 será um ano positivo para o agronegócio brasileiro, o que ajudará a cumprir a meta de evolução. O risco é pequeno para o próximo ano, com cenário favorável para café, grãos, pastagens, cana-de-açúcar e hortícolas".

A avaliação é feita pelo analista de mercado Carlos Cogo, que, apesar do otimismo, alerta para problemas internos que precisam ser resolvidos, para que o setor possa manter o ritmo de crescimento previsto.

”Não temos política agrícola de longo prazo, nem linhas de investimentos agrícolas permanentes. Também faltam estoques reguladores e regras de intervenção”, criticou o especialista em entrevista à Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

A alta no preço dos alimentos é outro fator que preocupa Cogo. "Para crescer, o país também terá de resolver a questão da inflação dos alimentos que, em nove dos últimos dez anos, superou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”.

Para ilustrar o peso da inflação dos alimentos, o analista cita o caso do feijão, cujo preço da saca de 60 quilos estava cotada em dez reais, em agosto de 2014. Exatamente dois anos depois, o quilo chegou a ser comercializado por quase 20 reais.

“Em 2014, o feijão chegou a virar adubo, porque não valia a pena colher, por causa do preço baixo”, relata. “Já em agosto de 2016, o quilo do produto, “em oferta” em supermercados, alcançava R$ 19,90, o que significa mais de R$ 1.199,00 a saca de 60 quilos, no varejo, e cerca de 600 reais ao produtor”, compara.

“A culpa da inflação dos alimentos seria das crescentes exportações de grãos, carnes, açúcar, café, dentre outros? O Brasil pode ser grande exportador agrícola sem gerar inflação de alimentos?”, questiona Cogo, acrescentando que, se estas afirmativas fossem verdadeiras, os Estados Unidos não teriam uma inflação anual em torno de 0,3%.

 

COMMODITIES

 

Projetando o desempenho das commodities nacionais, o analista afirma que a área de cultivo de milho vai crescer nos plantios de verão e de inverno, mas, em contrapartida, ocorrerá queda de preços do grão no início do verão.

Na opinião de Cogo, a cana-de-açúcar está em uma situação de mercado muito boa: “O único problema é que não temos marco regulatório para o setor sucroalcooleiro, para os biocombustíveis”.

“O café também está em uma situação confortável. Os preços estão sustentados e os estoques de passagens estão baixos”, justifica.

Quanto ao algodão, segundo ele, a safra deve se recuperar no próximo. Quanto ao arroz, o cultivo deverá ficar restrito às áreas irrigadas.

 

EXPECTATIVA

 

Para a analista, a expectativa para 2016 é que a soja responda por 34% do valor bruto da produção agrícola, seguida pela cana-de-açúcar (25%), milho (15%), café (7%), algodão, (4%) e citros (3%). A participação das demais culturas é prevista em 22%

A projeção para 2017 é de estoques de 225 milhões de toneladas (estoques de 9 milhões de toneladas e safra de 216 milhões de toneladas). “A capacidade de armazenagem brasileira, de 158 milhões de toneladas, não acompanha a expansão da produção de grãos, portanto, teremos um déficit de armazenagem de 67 milhões de toneladas no próximo ano”, calcula Cogo (Com informações do InfoMoney)