A BELEZA DO SER
“Beleza não se põe à mesa”. Já ouviu essa expressão popular? Ela é bem antiga e eu já escutei da minha mãe, na época da adolescência, quando meu corpo passava por mudanças físicas, além das alterações emocionais, provocadas pela transição de fase.
Por mais que desejasse entrar na adolescência, crescer doía (e ainda dói), já que, com a transição tão esperada, chegava também uma miscelânea de sentimentos: ora ficava feliz por já me achar moça; ora triste e angustiada, por pensar que não me enquadrava no perfil das adolescentes da época.
A tristeza aparecia quando achava que não tinha o corpo ideal para a idade (era muito magra e desengonçada), por achar que meu cabelo ondulado não era bonito ou devido ao meu rosto ser muito redondo e com poucas – mas bem incômodas – espinhas internas.
Os sentimentos de agonia afloravam quando via as meninas da mesma idade vestidas com roupas e calçados da moda e eu com vestimentas surradas e tênis rasgados (não porque era tendência). Até que um dia ouvi de minha mãe o ditado popular que deu início a esse artigo: “Beleza não se põe à mesa”.
Firme nas palavras, ela continuou: “beleza física não é tudo. Não adianta ter somente esse predicado. Ser bonita externamente, andar com roupas e calçados da moda, parece ser muito bom, porém, a beleza do ser humano vai muito além disso: está nos comportamentos, na forma como lidamos com o outro, na honestidade, no respeito e gentileza deixados por onde passamos. O resto é consequência de quem somos”.
Naquele momento, confesso que, apesar de concordar com minha mãe em partes, não me convenci 100% em relação ao ditado popular usado por ela. Acredito que deveria ser pelo fato de não ter maturidade suficiente.
Passados alguns anos, já mais madura, percebi que minha mãe tinha razão naquela conversa, que serviu para me acalmar na ocasião e, mais do que isso, ensinou-me que o ser humano tem muitas belezas, cada qual à sua maneira. Contudo, a que deve prevalecer mesmo é a beleza de SER uma pessoa do bem, que se cuida, sim, para ter saúde física e mental, mas que não se torne escravo na busca incessante e, às vezes, até irresponsável de querer TER o corpo
considerado perfeito e o rosto impecável sempre; ou querer TER as melhores roupas, calçados e acessórios da moda, esquecendo-se de SER gentil com as pessoas que cruzam nossos caminhos.
Por: Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez
Jornalista – MTB: 47.966