“A boa música no coreto”
Américo Perin
Quando houve a chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Brasil, por volta dos anos de 1870, veio com eles também um pouco de sua tradição e, com ela, os seus instrumentos musicais, que já eram praticados no seu país de origem. Na grande maioria, instalando-se na atividade agrícola, após o trabalho do dia na lavoura, esses italianos “lavavam os pé”, tomavam uma “minestra” (sopa) e, aos poucos, levando consigo os instrumentos musicais que trouxeram da Itália, iam se dirigindo ao galpão da fazenda onde moravam e trabalhavam. Ali, formavam pequenos grupos musicais, relembravam as músicas da sua terra natal e passavam a arte de tocar os instrumentos para os seus descendentes. Aos poucos, mudando para as cidades, levaram consigo sua tradição musical e assim surgiu a tão apreciada BOA MÚSICA NO CORETO, nas pracinhas das pequenas vilas e também de algumas cidades existentes na época.
Os repertórios foram mudando com o tempo, o que propiciou a introdução gradual da música popular brasileira nas apresentações. Nossas “valsinhas”, “chorinhos”, “maxixes” incorporaram-se aos repertórios italianos trazidos pelos músicos europeus.
Com o decorrer do tempo, por razões diversas, infelizmente a “bandinha no coreto” foi sendo esquecida. Muitas e muitas cidades brasileiras ainda possuem na sua praça central um coreto, que hoje em dia tornou-se somente uma lembrança das noites dos domingos de antigamente. Era ali que, ao som dos DOBRADOS, VALSAS, CHOROS, MARCHAS, POLCAS, as famílias tinham hora marcada para a convivência social que lhes dava a oportunidade de “pôr os assuntos da semana em dia”. Enquanto os mais velhos conversavam sentados nos bancos do jardim, as crianças brincavam soltas e os jovens caminhavam em volta da praça “flertando”, disfarçadamente, porém muitos casamentos surgiram dali.
Em Sertãozinho, não foi diferente e por muitos anos nossa cidade foi um baluarte na manutenção desse importante motivo cultural na formação do nosso povo. É importante lembrar que as BANDAS DE CORETO foram formadoras de importantes nomes da nossa música. Nomes que, entre outras coisas, levaram o nome do Brasil mundo afora.
É uma pena, mas, há algum tempo, não temos mais nossa “bandinha” tocando na praça aos domingos. Muitos munícipes nos abordam pelas ruas e questionam esse fato. Contudo, não cabe a nós responder-lhes. Apenas passamos a esperança de que em breve essa situação será resolvida, pois os músicos jovens e os mais experientes das nossas orquestras também estão ansiosos para que isso aconteça.
A BOA MÚSICA NO CORETO tem, como intuito, manter viva nossa cultura e o entretenimento para a comunidade, proporcionando à mesma aqueles momentos prazerosos tão arraigados no costume do nosso povo e turistas que nos visitam. Os profissionais formados pela Orquestra Jovem de Sertãozinho, nossos estagiários e os músicos mais experientes, que desde sempre estiveram mostrando sua arte no Coreto da nossa querida “Praça 21,” estão prontos para essa volta.
Nesse período de ausência, continuamos com nossas aulas gratuitas, objetivando a formação de novos músicos, graças à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo que nos cede o local para aulas e ensaios, e também à nossa sempre presente Câmara Municipal, cujos vereadores são entendedores incontestes da necessidade de mantermos a nossa CULTURA VIVA!