Américo Perin
Diz a história que a continência militar teve sua origem ainda na Idade Média, quando cavaleiros se encontravam e, com a mão direita, levantavam a capa do elmo dos seus capacetes para que seus rostos fossem reconhecidos pelos amigos.
Mais tarde, o gesto foi tomando outros significados, como, por exemplo, a comunicação do cavaleiro ao seu comandante, enquanto, com a mão esquerda, segurava as rédeas do cavalo e, com a direita levantada até a altura do elmo, sinalizava que estava pronto para o combate.
Talvez existam outras versões para essa origem. Mas o fato é que hoje essa atitude é adotada em vários países.
A continência é um gesto tipicamente feito com as mãos, mas pode também ser prestada com alguns posicionamentos das espadas e outras armas. Pode até ser prestada em formações aéreas! O balanço das asas do seu avião também pode estar demonstrando para o piloto de outro aparelho que ele está sendo saudado com respeito.
Conforme as normas militares, a iniciativa do gesto deve sempre partir de um militar de patente que anteceda a do outro que vai recebê-la e que também deve respondê-la, demonstrando um ato de respeito mútuo.
Antes de uma obrigação, a continência é grande demonstração de respeito, de admiração, de demonstração de alegria por ter direito a prestá-la e recebê-la.
A continência é impessoal. É prestada à patente e não à pessoa que a possui. A continência é a saudação do militar, mas que pode também ser prestada a civis, sempre em demonstração de respeito. Eu gosto de ser saudado com uma continência! Eu gosto de saudar com uma continência!
Mas recuso minha continência a você, político corrupto. Recuso a você, jornalista que, por interesse pessoal ou covardia, não fala a verdade para escancarar a enorme discordância existente entre a realidade vivida pelo povo e as falas de governantes ineptos e mal-intencionados. A nego a você também, professor que distorce a verdade de forma tendenciosa e a nega a seus alunos. E a nego principalmente a você que, até hoje, recebe uma gorda e absurda pensão paga com o suor do trabalho do nosso povo, como prêmio por ter assaltado bancos a mão armada, por ter assassinado inocentes desarmados que esperavam na fila do ônibus a condução que os levaria ao trabalho. Nego minha continência a você que tentava invadir quarteis para roubar armas e alimentos e que pretendiam, com isso, sustentar seus atos de terror e desordem numa nação pacífica e de gente trabalhadora.
Recuso, principalmente, a minha continência aos comunistas, covardes, integrantes daquilo que entrou para nossa história como a “Intentona Comunista”. Sobre o que ninguém fala, ninguém faz filmes, e professores fingem ignorar ou, pior, nunca ouviram falar... Foi assim: infiltrados como soldados para prestarem o serviço militar num quartel da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, na calada da noite, enquanto jovens soldados dormiam inocentemente, assassinaram A FACADAS um alojamento inteiro de soldados, no momento indefesos, mas valorosos e prontos para a luta desde que esta acontecesse em condições de igualdade no momento do combate.
Enfim, recuso-me a prestar continência à imagem dos falsos heróis que o cinema e televisão tentam insistentemente fabricar contrariando a história que eu vivi.
Não se esqueçam: assim como eu, muitos outros também ainda estamos aqui!!!!!
“Ninguém é tão tolo ao ponto de pensar que os outros também o sejam”.