Américo Perin

22/01/2025

Salve os tempos! Quanta coisa mudou desde 1857, não?! Nem se queimam mais mulheres que reivindicam aumento de salário... Nem nos Estados Unidos da América!!!

Os trabalhadores têm os mesmos direitos, tanto homens como mulheres. Jornada de 8 horas, carteira assinada, descanso semanal remunerado, férias, 13º etc, etc...

O consumidor é protegido pelo seu “Código de Defesa”. Para querelas mil, temos a polícia que está aí para usar a força em nosso lugar, quando necessário...

Se há discordância entre partes, temos a Justiça a nosso serviço, com todos os seus advogados, promotores, juízes, na sua linguagem própria, usando termos que não são decifráveis nem com a ajuda dos dicionários, mas...

E temos fatos especialíssimos, como o que envolveu algumas crianças com idade entre oito e nove anos, que estavam sendo incomodadas por três colegas de classe. Aconteceu há muitos anos, na escola Prof. Antônio Cristino Cabral, onde as crianças, na época, estavam cursando a 3º série do Ensino Fundamental.

Era comum a Ângela encontrar alunos pelos diversos locais da cidade e ser saudada por um “Oi, Diretoria!”. Explico: é que sempre que um professor ou outro funcionário da escola fazia referência a um contato com a direção da escola, se referia à “diretoria”, e os alunos menores confundiam tudo. Vai daí que, num determinado dia, um pouco antes de terminar o recreio, colocaram-se junto à porta da diretoria os tais aluninhos, que eram seis. Todos muito circunspetos, portavam à mão um documento assinado por eles, que dizia o seguinte:

PLANO CORRENTE DO BEM

Senhora “diretoria”, estamos reunidos nesta corrente do bem porque não queremos que (citaram os nomes de dois colegas) “estrague” nossa classe, queremos ajuda da senhora para que nossa classe “permanessa” quieta como é.

Por favor nos ajude

Classe 1 agradece (e os seis assinaram).

Pois é, meus amigos. E nós que já não temos mais nossos oito anos de idade, não seria o caso de formalizarmos uma “corrente do bem” para que os trabalhadores tivessem emprego e pudessem gozar os seus direitos trabalhistas? Uma outra “corrente do bem” para que os consumidores fossem mais respeitados? Uma outra “corrente do bem” para que a polícia efetivamente pudesse usar a “nossa força” com mais eficiência e eficácia na nossa proteção? Uma outra “corrente do bem” para que a Justiça - lembrando aqui certas pessoas lá do alto -, fosse mais ágil no cumprimento das suas atribuições (e fizesse Justiça...)?

Enfim, quantas outras “CORRENTES DO BEM” poderíamos subscrever... Parabéns, crianças. Parabéns, EMEF Prof. Antônio Cristino Cabral, que, sob a direção da hoje aposentada, competente “diretoria” Ângela Maria Volpe, com a ajuda dos excelentes e dedicados professores e funcionários sempre preparou, e ainda prepara, futuros adultos do naipe daqueles seis garotinhos. Parabéns, Brasil, pois será aqui, com certeza, que eles viverão e exercerão a defesa dos seus interesses conforme bons professores sempre lhes ensinaram.