A EDUCAÇÃO E A CULTURA NA NOSSA VIDA
Américo Perin
Nada mais gratificante do que ver os frutos de um trabalho surgirem espontaneamente. Quem ocupa um lugar na mídia e expõe suas ideias, inevitavelmente será alvo de julgamento por parte de alguém. Não são raras as vezes em que nós da imprensa recebemos manifestações de nossos leitores. Falando por mim, isso só me anima a continuar na labuta séria a que me proponho nesta coluna. Se as manifestações são favoráveis ou não, pouco importa. O que vale é o fato de que um objetivo foi atingido, pois, exercendo na plenitude a liberdade de expressão, propiciamos a alguém uma forma de dizer o que pensa sobre os mais variados assuntos. Na verdade, o espaço aberto para um cronista exacerba sua responsabilidade e em algumas vezes seu trabalho o coloca até na sublime e tão mal reconhecida posição de educador. E quanto mais polêmico for, melhor será para todos.
Ora vejamos; entrando então pelo campo da educação, vamos primeiramente recorrer a um dicionário: “educação; processo de desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física do ser humano. Civilidade, polidez”. Poucas palavras e um conteúdo tão significativo. No mesmo dicionário, vamos a outra palavra: “cultura; conjunto de estruturas sociais, religiosas etc. de manifestações intelectuais, artísticas, etc. que caracterizam uma sociedade”.
Tempos atrás, Gilberto Dimenstein, colunista da Folha de São Paulo, em uma de suas crônicas, corroborando trabalho do professor de Economia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Nando Paixão, nos repassou alguns dados estatísticos fornecidos pelo IBGE, onde foi constatado que os descendentes de certas etnias que imigraram para o Brasil têm um nível de renda, escolaridade e até expectativa de vida superior aos maiores índices mundiais!
A pergunta inevitável que vem em seguida é: e a que se deve isso se eles também vivem aqui, no Brasil? Simples, à relação que têm, por exemplo, os judeus, japoneses, coreanos e chineses com o aprendizado. Incentivados e direcionados pelas próprias famílias, esses grupos privilegiam a cultura e a educação, e isso os leva a alcançar melhores índices na qualidade de vida. Como consequência, destacam-se da média da nossa população nos quesitos de bom emprego, baixa criminalidade e... na escolha crítica do candidato quando vão votar.
Fatos como esses nos “ensinam que o futuro do Brasil está menos nas mãos dos economistas do que dos educadores”. Outra lição importante que se deve tirar disso tudo está na qualidade do ensino ofertado e, principalmente, no envolvimento da família – repito – No aprendizado dos seus filhos.
Não há um curso ou uma matéria que seja mais ou menos importante. Todo aprendizado, enfim, nunca deve prescindir da formação moral e comportamental do aluno. Não se pode, na ânsia da especialização, esquecer-se de que saber ler e escrever é fundamental, pois, de outra form,a como se pode chegar ao conteúdo dos livros de uma matéria tão importante como a Educação Física, por exemplo? Que tipo de profissionais seriam formados se acaso não tivessem absorvido o conteúdo didático desses livros?
Bem, cuidem os pais, cuidem-se os alunos, pois amanhã viveremos no país que estamos construindo hoje e os educadores dos nossos filhos e netos serão os professores que estamos formando agora. Comecemos então a avaliá-los desde já, na escola e no convívio social, pois o objetivo de excelência necessário no futuro depende do que for feito hoje e talvez muitos de nós não tenhamos nos apercebido disso ainda.