A eterna Guerra do Paraguai
Nos espanta a nós, estudiosos (não me refiro aos acadêmicos, mas às pessoas que gostam de livros), que, após cem mil anos de história da humanidade, há os que acreditem na possibilidade da mudança do jeito humano de fazer as coisas. Isso é realmente espantoso ou, pelo grande medo de enfrentar a procura de soluções a partir de conhecimentos já provados, há a busca de soluções mágicas ou ilusórias.
Já discutimos nesse espaço porque o Homo Sapiens faz guerras, com a Guerra do Paraguai. Mas, infelizmente, é preciso voltar a falar sobre essa maldita guerra, pois o famoso Parlasul, que é o Parlamento do Mercosul, em uma de suas subcomissões conseguiu instalar uma espécie de Subcomissão da Verdade para julgar o Brasil e os atos cometidos pelo Exército Brasileiro durante o conflito.
A comissão chegou à brilhante conclusão de que a guerra foi violenta (?!?!?!) e que o Brasil deveria, junto com os outros vencedores, uma reparação econômica de US$ 150 bilhões. Não fosse o contexto atual (pandemia, Guerra da Ucrânia), seria motivo de riso. Mas, infelizmente, não é esse o caso. Primeiro que a Guerra da Tríplice Aliança foi causada pelas questões internas da América do Sul, mas principalmente pela (loucura) de Solano López, que sonhava em criar o Grande Paraguai tomando terras do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Se isso não for delírio, não sabemos o que é.
A família López se preparou para a guerra. O Brasil de Dom Pedro II praticamente não tinha exército. Talvez por isso a guerra tenha durado tanto (1864 a 1870). Foram convocados voluntários da Pátria, escravos e muita gente foi levada para a guerra à força. No Paraguai, nossos soldados aprenderam a combater durante a guerra. E, assim, nasceu o Exército Brasileiro, que venceu a guerra, profissionalizou-se e passou a estudar engenharia e positivismo. Além disso, tomou partido na questão escravocrata, sendo favorável ao fim da escravidão, pois muitos dos nossos soldados eram negros alforriados. Como sabemos, o Exército Brasileiro proclama a República, tão necessária para a modernização do Brasil.
O imutável na história dos seres humanos é sempre a ideia de que necessito das terras dos outros, como na guerra dos EUA contra o México e também na expansão para o oeste (infelizmente, como já dissemos, foi sempre assim). Os EUA tomaram quase 50% do território mexicano e agora reclamam de Vladimir Putin. Calma leitor/a, não somos belicistas ou favoráveis à Rússia. Estamos apenas constatando a velha hipocrisia humana. Sabemos, ainda, quanta terra e riqueza a Europa roubou do mundo inteiro para agora dizer-se civilizada.
E, mesmo no caso dos EUA, o presidente mantém viva a guerra da Ucrânia para gastar as armas da Rússia (no que vem sendo chamado de Guerra Fria II), para que interesses econômicos sejam escondidos e para que americanos, europeus e chineses finjam buscar uma solução pacífica para um conflito que não tem solução pacífica. Enquanto isso, o povo ucraniano vai sendo sacrificado… Quem sabe, daqui 150 anos, alguma comissão venha discutir que a Rússia deve pagar uma indenização pela guerra.
Prof. Egydio Neves Neto
Prof. Renata Neres