A Festa da Agricultura

04/07/2016

A Festa Junina é o evento que mais aproxima o meio rural das grandes cidades, faz o urbano ser caipira por um dia. No Brasil, tem sua origem no agradecimento pelas chuvas no Nordeste – vitais para a lavoura – e na celebração da colheita de milho nesta época. É a festa da agricultura, época de Santo Antonio e São João, deliciosamente comemorada tradicionalmente em junho, julho e até mesmo agosto com receitas tradicionais que são muito mais do que quitutes, representam a força e a riqueza do campo.

Diversos povos da Antiguidade, como os celtas e os egípcios, aproveitavam a ocasião do Solstício de Verão no Hemisfério Norte (e de Inverno no Hemisfério Sul) para organizar rituais em que pediam fartura nas colheitas. O curioso é que os índios que habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses também faziam importantes rituais no mesmo mês.

Apesar de essa época marcar o início do Inverno brasileiro, eles tinham várias celebrações ligadas à agricultura, com cantos, danças e muita comida. Com a chegada dos jesuítas portugueses, os costumes indígenas e o caráter religioso dos festejos juninos se fundiram.

A valorização da vida caipira nessas comemorações reflete a organização da sociedade brasileira até meados do século 20, quando 70% da população viviam no campo. Hoje em dia, representa o aquecimento da economia regional - como nos casos excepcionais de Campina Grande (PB) e Caruraru (PE) que, juntas, movimentam anualmente cerca de R$ 300 milhões ao receberem aproximadamente 7 milhões de visitantes.

Ao analisarmos o Valor da Produção Agropecuária (VPA) do Estado de São Paulo, elaborado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, podemos perceber que produtos típicos desta época cheia de festa são verdadeiros campeões de lucratividade para o produtor rural.

São alguns dos responsáveis por auxiliar o crescimento do VPA em 14,6% de 2014 para 2015. O território paulista pode se orgulhar por produzir, sozinho, nada menos do que 90% de todo o amendoim brasileiro, sendo responsável por 100% das exportações da matéria-prima para doces juninos indispensáveis como paçoca, cajuzinho, bolo e pé-de-moleque.

Importante alternativa de renovação dos canaviais paulistas, o amendoim traz mais boas notícias em 2016, com elevação mensal do preço pago ao produtor pela saca de 25 quilos: R$ 40,85 em março, R$ 42,95 em abril e R$ 46,93 em maio. Em 2015, somente no Estado de São Paulo, foram produzidas 346.800 toneladas em 108.900 hectares. E a previsão de aumento na safra para este ano é de 12,3%.

Centro das atenções, o milho faz pipoca, bolo, suco, curau, pamonha, broa e canjica e, de 2014 para 2015, teve aumento de 8,77% em seu valor, passando de R$ 22,93 para R$ 24,94 pagos pela saca de 60 quilos. A produção também aumentou, saindo de 64.015.278 sacas de 60 quilos em 2014 para 76.144.574 sacas de 60 quilos em 2015, aumento de 18,95%.

A produção de madeira de eucalipto, utilizada nas fogueiras, também teve crescimento em seu valor: passou de R$ 90,71 por metro quadrado em 2014 para R$ 98,09 por metro quadrado em 2015 – 8,14% a mais de renda para o silvicultor paulista.

A madeira de pinus também traz bons números: aumentou 25,32% sua produção de 2014 para 2015 – de 2.884.700 metros quadrados para 3.615.000 metros quadrados. O preço médio subiu de R$ 80,92 em 2014 para R$ 89,65 em 2015, elevação de 10,68% em apenas um ano.

A batata-doce paulista é outro bom exemplo de delícia junina que gera renda ao produtor rural. A produção no Estado aumentou 40,15%, passando de 3.892.412 caixas de 22 quilos em 2014 para 5.455.125 no ano passado – totalizando R$ 117.597.965,58 de renda.

A mandioca também cresceu em produção: 15,86% - saindo de 969.394 toneladas em 2014 para 1.123.126 toneladas em 2015. São Paulo é o quinto Estado maior produtor nacional, mas tem a maior produtividade média: 66% superior à média nacional.

Ao passear com sua família e seus amigos pelas diversas barraquinhas juninas, não se esqueça de que, além de alegria e confraternização, as comidas típicas representam dinheiro no bolso de famílias que vivem no e do campo. Elas são ótima alternativa para que essas pessoas pulem a fogueira da crise econômica sem se queimar.