A grande mãe, o infinito amor

15/05/2023

Que tema difícil o de hoje... Afinal, como explicar o amor de mãe, tão cantado em versos, tão falado em prosas, tão sentido por elas e por seus filhos?

Eu ouvi, contado pelo próprio Orlando Vilas Boas, grande indigenista brasileiro, já falecido, que, em algumas aldeias brasileiras, no momento do parto, a índia se dirige à mata levando consigo um recipiente onde há uma substância preparada pelo pajé da aldeia. A índia dá à luz de cócoras e ela mesma faz todo procedimento necessário, inclusive um exame minucioso no filho recém-nascido. Se a mãe notar alguma anomalia grave no bebê, pinga em sua boca algumas gotas da substância preparada pelo pajé e a criança deixa de viver no mesmo instante. Crueldade ou amor levado ao extremo, pois, na vida da aldeia, não há como se cuidar daquele indiozinho e seu sofrimento seria para toda sua vida... Uma questão cultural que na prática evita maiores sofrimentos para todos no futuro?

Já na África, contou-me o amigo Natanael Silva, que presenciou o respeito pela mulher nos dias de sua menstruação. No centro de certas aldeias são construídas grandes choupanas onde as mulheres se recolhem durante esses dias. E os homens, ao passarem pela frente dela fazem uma reverência, pois as mulheres significam a continuidade da vida, a vida que só elas podem trazer ao mundo. Os homens são proibidos de entrar naquele local...

A mulher é a expressão mais direta do princípio divino e misterioso que cria a vida: amamenta, cuida e direciona no caminho da existência. O poder de criar... O poder de adotar e criar semelhança física com o filho do coração... Mães do coração e do amor!...”

Para chegarmos aos dias atuais, no mundo ocidental, obrigatoriamente temos de passar pela Grécia Antiga. E é lá que se considera a origem de um dia especialmente dedicado às mães, e isso se dava no começo da Primavera, comemorada por REIA, a mãe dos Deuses. Lindo significado trazido por uma época: a mais linda do ano...

Essa tradição teve continuidade com os romanos, em honra a “Cibele”, também chamada de “Grande Mãe”. E depois da conversão ao Cristianismo, o Império Romano deu continuidade à comemoração do “Dia das Mães” em honra à “Virgem Maria”.

A modernidade, século XX, trouxe um fato novo que manteve a homenagem e, digamos assim, a oficializou pelo mundo todo. Uma jovem americana, chamada Anna Jarvis, perdeu sua mãe e entrou em depressão. Suas amigas resolveram dar uma festa, para perpetuar a memória da mãe de Anna e ao mesmo tempo tentar animar a jovem. Anna quis que a homenagem fosse estendida a todas as mães, independentemente de estarem vivas ou mortas, e em pouco tempo a comemoração se propagou pelos Estados Unidos, até que o presidente, em 1914, oficializou a data e ela passou a ser comemorada no dia 9 de maio. Aos poucos, a homenagem foi se espalhando para outros países. No Brasil, em 1932, o presidente Getúlio Vargas oficializou o segundo domingo de maio como Dia das Mães.

Que, a partir deste segundo domingo de maio, os valores femininos do amor, da dedicação, da humildade e da paciência sejam plenamente vividos para o fortalecimento de profundas mudanças em todas as áreas (social, política, educativa, familiar, cultural, econômica e espiritual). Relembrar neste dia o amor à vida, aos outros, aos animais e plantas, a todas as formas de vida, à Terra... Que o amor das mães faça nascer uma nova sociedade... Como filhos amados pela Grande Mãe...