A Guerra das Malvinas
Já se passaram 40 anos da guerra entre a Argentina e a Inglaterra, mas o assunto “guerra” infelizmente nunca sai “da moda”. Talvez porque, como disse Freud, o ser humano precise dela para exteriorizar a sua agressividade ou, como dizia o padre Malthus, que as guerras e as pandemia são necessárias, pois a produção de alimentos cresce em progressão aritmética e a população humana cresce em progressão geométrica.
Então, segundo o padre e os Malthusianos, as guerras e as pandemias eliminam o excesso de população. Claro que essa corrente de pensamento é polêmica, mas estamos sempre tentando analisar o pensamento humano. Charles Darwin talvez discordasse de Malthus quanto à necessidade da guerra, mas também concordava que a tendência do homo sapiens é do crescimento da população ser muito maior do que as condições do planeta se manter estável.
Sabemos também que as guerras são provocadas por disputas imperialistas ou por interesses tolos de ditadores, como é o caso da guerra das Falklands. Em primeiro lugar, já no nome da guerra, os analistas acabam de mostrar o seu lado pessoal nesse conflito, pois se chama a guerra e o arquipélago de Malvinas mostra que está do lado dos argentinos, que dizem que as ilhotas são deles, ou, se os analistas chamam de Falklands, significa que o arquipélago pertence à Inglaterra.
Não vamos entrar nessa discussão, pois há argumentos para justificar os dois lados. A Argentina, como alguns outros países da América do Sul, estava sendo governada por militares, mas a economia da Argentina dava péssimos sinais e o povo começava a criticar os generais. Então, o presidente general Galtieri teve a ideia, bastante comum na história humana, de unir um país arranjando um inimigo e isso acabou ocorrendo.
Até os comunistas argentinos quiseram a guerra, e parecia uma coisa fácil tomar as pequenas ilhas pouco povoadas. Os militares, no seu machismo, achavam que a primeira ministra da Inglaterra não seria páreo para o exército argentino, mas se deu justamente o contrário. Margaret Thatcher tinha um singelo apelido, “a dama de ferro”, e nem mesmo o presidente dos EUA conseguiu convencê-la a deixar as ilhotas para os argentinos. Thatcher tinha uma visão mais abrangente e acreditava que, se liberasse alguma parte do que é considerado da Grã-Bretanha, seria um péssimo exemplo, pois outras partes, como o país de Gales, poderiam também querer se separar da Grã-Bretanha.
Por isso, a primeira ministra atacou fortemente as Malvinas/Falklands com a ajuda dos EUA (como se precisasse) e do Chile. O exército argentino foi destroçado, o que permitiu que a população argentina pusesse fim à ditadura militar. Como vimos, o golpe dos generais deu errado e há analistas que acreditam que a queda da ditadura na Argentina serviu de exemplo e influenciou a luta no Cone Sul pelo fim dos governos militares. O governo brasileiro foi extremamente estratégico, não participou do conflito, mas defendeu, na ONU, que o arquipélago pertence à Argentina. Isso permitiu que as intrigas entre Brasil e Argentina pela liderança da América do Sul diminuíssem.
Os argentinos passaram a detestar os chilenos, que, cada vez mais, se aproximam dos EUA ainda hoje, na tentativa de liderar a América do Sul. A Argentina nunca mais se recuperou desse duro golpe. O Chile de Pinochet economicamente se fortaleceu e a dupla Tatcher e Reagan deu início à globalização da economia capitalista, o que permitiu o fim da URSS, a queda de Saddam Hussein do Iraque e a implantação da Paz Americana, que hoje é questionada pela China e por Putin da Rússia – que, nos seus delírios, imagina que tomar a Ucrânia significa barrar a liderança americana no mundo.
Prof. Egydio Neves Neto
Prof. Renata Neres