Américo Perin

21/10/2024

Américo Perin

Aquele ainda é um país de lindas paisagens, apesar de ter recursos naturais já muito agredidos por seus habitantes. Antigas florestas já se resumem em outras menores ou até em pequenos bosques preservados a grandes custas em algumas propriedades particulares. A água, de certa forma preservada, apresenta-se ainda como recurso a ser explorado pelo povo por durante alguns anos.

Mas o que se lamenta naquele país é a péssima qualidade dos seus dirigentes, que, por motivos vários, nos conta a história, atolaram a economia da nação numa enorme inflação que corrói tudo, até a mais tênue esperança que pode estar sobrevivendo na alma do povo.

Mas os governantes “ignoram” isso tudo e mostram uma fase de enorme crescimento, de baixa inflação. A mídia disponível, temerosa do poder dos governantes e ou corrompida por eles, divulga somente os dados que interessam aos poderosos. Vez ou outra, por falta de material para divulgar, até inventam ou fazem jogo de palavras, para enganar a grande massa incapaz de pensar por si própria baseada em uma análise crítica.

E aquele povo, formado de pessoas trabalhadoras, criativas e inteligentes, não tem mais trabalho. Está afogado em dívidas e, não vislumbrando mais um futuro melhor para seus filhos, põe-se, primeiramente, a migrar e depois a imigrar. Muitos saem do país em busca de uma vida melhor, deixando para trás a miséria, a fome e a desesperança. Os mais abastados, para se proteger, enviam dinheiro para países onde há governo formado por pessoas mais competentes e honestas.

Contudo, por entre as pessoas do povo, surge uma figura até então desconhecida e sem expressão. Dizem até que fora criado só pela mãe, pois ninguém sabe do seu pai.

Aquele rapaz pobre, inclusive sem educação, cultura, possuidor de um tremendo mau caráter, tem, como compensação, um enorme carisma. E com essa arma poderosa, aliada à oratória fácil, começa a se manifestar junto às massas, até que, num lance da vida, vê-se à frente do governo do país.

O povo menos instruído e informado deposita nele todas as suas esperanças e sente-se revitalizar! Aos que imigraram, ele acena com o perdão de todas as dívidas e os traz de volta. O dinheiro dos ricos evapora-se por vários motivos...

Foi assim que meu amigo Otto, brasileiro de Santa Catarina, acompanhou seus pais na volta à velha Alemanha. Muito sonho e muita esperança retomados, mas as pessoas não sabiam que a real intenção de Hitler era atraí-los de volta para formar um grande exército.

O país agitou-se e num grande estertor alentado pelo seu novo líder, pôs-se em guerra com seus vizinhos, e acabou envolvendo o resto do mundo num conflito de grandes proporções. Perdeu a guerra.

O resto todo mundo já sabe. O final da crônica foi diferente do que esperavam? Desculpem, mas eu não acho mais nada, pois os que achavam nunca mais foram achados...