A JUSTA MEDIDA

19/09/2022

Américo Perin

 

O homem, ser dotado de inteligência, desde os tempos mais remotos tende a dominar tudo à sua volta. Tende e tenta, pois, apoiando-se no próprio livro bíblico, justifica sua supremacia sobre todos os seres vivos. Até os nomes ele lhes deu!

 

Mas há algo que, livre e irreversível, passa pelas tentativas vãs de se aprisionar e é a única coisa que nem a imaginação mais fértil é capaz de suprimir: o tempo. E o homem é lúcido o suficiente para reconhecer-se incapaz de subjugá-lo.

 

O tempo real está ligado à consciência, pelo que é, essencialmente, um conceito subjetivo, que não se presta à medida, sequer dos ponteiros. Tentou-se pela marca deixada pelo sol, pelo cair da areia ou líquidos, pelas cordas, pela propriedade piezoelétrica de certos cristais e até pela frequência do padrão atômico do Césio..., mas, aprisioná-lo..., nunca!

 

E no seu desvario, o homem se apercebe que o tempo é a eterna solução, pois, ao lado do tempo que angustia e dilacera, há o tempo que cura, o que acalma e o que amadurece...

 

Lembro-me agora de você, meu pai, quando me disse: “um ano, um mês e um dia é a justa medida”, e eu pensei tê-lo entendido naquele momento...