A linguagem das emoções

A linguagem das emoções
19/02/2024

Américo Perin

 

Sabe-se, através de estudos, que a música foi determinante fundamental para a formação e, posteriormente, para a sobrevivência dos grupos. Pela música, nos comunicamos e compartilhamos sentimentos e emoções.

Muito provavelmente, antes de usar a linguagem falada, nossos antepassados já manifestavam suas emoções por sons diferenciados de risos ou choro como uma forma de atrair a atenção dos seus iguais para suas necessidades individuais ou do grupo. Vai daí que muito provavelmente a voz humana tenha sido realmente o primeiro instrumento musical, de onde, numa tentativa de imitá-la, foram surgindo os instrumentos tais quais os conhecemos hoje.

A partir da imitação dos animais e dos sons da natureza, tudo evoluiu, até que, mudando as necessidades, a imitação foi sucedida pela criação. Essa capacidade de criação musical, inerente ao ser humano, pode ser observada nos bebês, que, antes de saberem falar, já se comunicam de uma forma muito musical: “é comum vê-los inventando musiquinhas mesmo desconhecendo a reprodução dos sons convencionais”, diz a psicóloga Sandra Trehub, que pesquisou a percepção musical em crianças.

Assim como a fala, a música tem função primordial para nossa comunicação. Estima-se que a atividade musical tenha 200 mil anos, sendo, portanto, mais antiga do que o próprio Homo Sapiens, que, segundo os cientistas, surgiu há 100 mil anos.

Entre seus inúmeros predicados, temos comprovadamente a eficácia da música na cura de doenças. Há pacientes de mal de Parkinson ou Alzheimer ou ainda vítimas de derrame que só apresentam melhora ouvindo música. Para esses casos, a música causa um efeito momentâneo no cérebro do doente, através da coordenação das atividades de vários órgãos, com vistas a um funcionamento harmonioso, realizada por diversos centros nervosos. Sabe-se, inclusive, que o aprendizado da música induz ao prolongamento dos neurônios e ao aumento das conexões entre eles. Os cérebros dos músicos, inclusive, acabam apresentando uma massa maior de neurônios, o que sugere maior inteligência.

Mas o que vale mesmo é o aspecto da música em transmitir emoções. Ao ouvir música, nossa mente se altera e temos entendimentos que superam os da nossa existência.