A novidade e a continuação nas eleições do Brasil

10/10/2022

Maquiavel foi o escritor que mais chegou perto de entender a política, em dois livros surpreendentes: - "O Príncipe", no qual mostra que o político (a) tem o dever de manter-se no cargo e, para isso, pode usar qualquer recurso do bem ou do mal. Esta afirmação vem sendo criticada por seus detratores, uma vez que a obra é difícil de ser entendida apesar de sua linguagem simples. Podemos dizer, com certeza, que Maquiavel nunca escreveu a frase abaixo citada e que muita gente repete sem ter lido os livros. A frase: “O fim justificam os meios”.

 

Se tal coisa tivesse sido escrita, ele seria realmente uma pessoa do mal, ou seja, um maquiavélico – tempo que o povo gosta de usar para justificar, por exemplo, a corrupção. Por isso, preferimos a expressão “maquiaveliano”, pois temos a impressão de termos compreendido o grande mestre, que, no nosso entendimento, percebe antropologicamente que o ser humano é capaz de fazer o bem ou o mal, e o político tem o direito de usar esses recursos para alcançar o objetivo maior de um Estado que é o bem do povo. Portanto, ele não manda fazer o mal pelo mal.

 

- "Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio'' é o segundo livro mais importante de Maquiavel. Neste, temos uma aula de democracia e fica evidente que o príncipe (hoje entendido como partido político) deve combater a corrupção e governar uma República para o bem geral. Usando os conhecimentos maquiavelianos, vamos tentar entender a eleição de 2 de outubro.

 

Em primeiro lugar, não acreditamos que os grandes institutos de pesquisa tenham errado. Aliás, as pesquisas não deveriam ser importantes para o grande público. Elas se destinam aos empresários e aos próprios políticos(as) que, tendo os resultados em mãos, principalmente os qualitativos, podem reafirmar ou mudar de estratégia segundo os seus interesses. Mas, infelizmente, o sensacionalismo da grande imprensa e a vontade errática da mídia levam à tentativa de “adivinhar” o resultado que sairá das urnas eletrônicas. E isso claramente é um erro. Pesquisas são fotografias do momento e não conseguem aferir na reta final e, principalmente, no sábado (quiçá no domingo) quando o eleitor sozinho decide em quem realmente vai votar.

 

Por isso enxergamos, como todos, uma discrepância entre a última pesquisa e o resultado das eleições. Não foi uma manipulação, mas ocorreram mudanças, entre outras coisas, aquele final de semana que as pesquisas não “pegam”. Em primeiro lugar, os indecisos que mudam de candidato(a) sem maiores reflexões. Em segundo lugar, ao nosso ver, a pregação petista de “voto útil”, que apostou no eleitor que não queria perder o seu voto. Esse(a) eleitor(a) fez um desserviço quando não aliou seus interesses pessoais aos do Estado (que deve vir em primeiro lugar).

 

Notamos, ainda, mais dois erros. O(A) candidato(a) a deputado que joga o famoso “santinho” na madrugada e o eleitor despreparado que o pega como se fosse uma colônia e que não sabe em quem votar. É um grande erro, pois deputados(as) fazem no Brasil o papel de moderadores, ou seja, são eles(as) que realmente governam sem que o cidadão saiba. Por isso, já temos um grande vencedor deste pleito, que foi o PL, força política e econômica que, com a caneta na mão (as emendas do relator), mandará no país independente de quem vença o segundo turno. Outra novidade desta eleição foi o bolsonarismo, que vem deixando de ser um antipetismo para se tornar um partido político. Assim, como sempre, temos no Brasil continuidade e mudança.

 

 

Prof. Egydio Neves Neto

Prof. Renata Neres