Américo Perin
Tudo está mudando muito rápido. Criações e descobertas da ciência, os costumes na convivência social, a forma de pensar das pessoas... Minha geração viu mudanças incríveis! Foi tudo muito rápido e quase sempre maravilhoso.
Mas ultimamente chama muito a atenção a união, diálogo e aceitação de novos costumes principalmente na convivência do grupo familiar. Um exemplo simples já vem da cerimônia religiosa que celebra a união dos casais. No meu entender, tornou-se apenas um evento social: o aspecto religioso e espiritual deu lugar a uma série de situações novas muito estranhas. Alguns exemplos: certos casais que moram no interior dão preferência para fazer a cerimônia em cidades praianas. E os convidados que aluguem vans, ônibus... Durante o evento, vê-se uma quantidade de várias outras pessoas que parecem estar protegendo a NASA de uma invasão inimiga, agitam-se muito durante todo o tempo equipados com microfones presos à cabeça de forma a deixar suas mãos vazias e ficam o tempo todo falando não sei o que com seus parceiros. Despacham ordens para os noivos a todo momento: senta aqui, agora vá até ali, agora cumprimento dos padrinhos, agora sorria, agora fique com expressão serena... É uma chatice que tira a graça do instante que deveria ser mágico para todos e distrai a atenção da razão que deveria ser a principal no momento: o amor e a benção de Deus para aquela união.
A esposa, que sempre tinha o papel de mulher submissa, aquela que raramente saía de casa e, quando o fazia, era para no máximo ir às compras necessárias para abastecer seu trabalho na cozinha, no trato com os filhos e no cuidado com a casa em geral, hoje conquistou nova posição no núcleo da família. Hoje, ela estuda e participa ativamente como provedora da economia do lar. E isso é ótimo! Contudo, nesse período de transição, ela trabalha fora, cuida da educação dos filhos e ainda consegue atender às exigências matrimoniais, que são inúmeras e nem sempre gratificantes pelo excesso de cansaço.
E o perigo que vem de fora de casa está à espreita. A falta de diálogo entre cônjuges e também com os filhos é um fator preocupante. “A outra” certamente é a grande culpada. Fez com que o relacionamento entre os membros do grupo familiar fosse sendo muito prejudicado e leva à falta de amor entre as pessoas. É lamentável e os danos são terríveis para a educação dos filhos.
“A outra” foi chegando de mansinho e aos poucos afetou todos. Os serões após o jantar não existem mais. As crianças que após o jantar fingiam estar brincando, mas estavam atentas à conversa dos pais, crescem achando que a frieza causada pela outra no meio familiar é normal e, sem saber, crescem com o sentimento da ausência afetiva. Que famílias formarão no futuro? Ah... Que saudade do tempo quando, após o jantar, a família se reunia para conversar. Quando as crianças fingiam que estavam brincando, mas escutavam atentamente a conversas dos mais velhos e aprendiam que respeito e amor são fundamentais para os seres humanos.
E assim a coisa foi até que surgiu a “segunda outra!”
Pois é, primeiro surgiu a televisão, que, por si só, alterou tudo nos costumes sadios da família. E mais recentemente apareceu a internet no celular. Pais e filhos têm cada um seu celular, que é usado com a TV ligada!!!
As pessoas têm inúmeros amigos conectados, mas não percebem que estão solitárias! E estão aprendendo a viver assim. Eu me recuso a aprender isso...