A retrospectiva dos golpes

22/08/2022

A História do Brasil vem recheada de golpes. Muitos deles lembram “golpes de mestres” dos melhores enxadristas - não somos inocentes o suficiente pra acharmos que isso ocorre só no Brasil, mas, apesar deste conhecimento sobre a História mundial, vamos nos ater à nossa “cozinha”, pois dela achamos que entendemos um pouquinho mais.

Recapitulando o que o/a leitor/a já sabe, comecemos pelo golpe da maioridade. Quando o Partido Liberal estava fora do poder no Período Regencial (1831-1840), o partido referido, querendo tomar o poder dos conservadores, fez o povo acreditar no mito que Dom Pedro II, com apenas 14 anos, estava pronto para governar e, com isso, os liberais foram ao poder. Mas como o Brasil é o país do centro de “equipe equilibro político” (centro esse que hoje recebe o nome de Centrão), os partidos políticos Liberal e Conservador se uniram, expulsando os radicais de ambos os partidos e criando A Liga da Conciliação, que, durante muito tempo, governou tranquilamente por trás de Dom Pedro II.

Até que um novo golpe foi preparado: cafeicultores modernos do Oeste Paulista se uniram aos militares para derrubar o velho monarca e impor a economia cafeeira federalista. Tudo funcionou bem até que a Primeira Guerra Mundial exigiu que o Brasil se industrializasse. Isso deu oportunidade para que Getúlio Vargas desse o golpe de 30, derrubando os cafeicultores atrasados mentalmente (mas não os agricultores modernos que estavam com ele) e o Brasil pôde se tornar um país industrializado.

Com o passar do tempo, Vargas abandonou os militares que o apoiaram, tornou-se um populista e, por isso, foi vítima de um golpe que o levou ao suicídio, ou, como querem os historiadores, foi suicidado. Juscelino Kubitschek tomou o poder após as eleições, mas, graças ao golpe do gal Lott, Nonô, como era conhecido o presidente, se aliou temporariamente aos EUA. Depois rompeu com FMI para poder terminar Brasília, mas, com isso, afundou o país numa super crise.

Juscelino, oficialmente, tinha um candidato: o gal Lott (mas eis o golpe). De verdade, e claro que, às escondidas, apoiou Jânio Quadros, pois sabia que o próximo quadriênio seria de crise. Crise essa que Quadros não conseguiria debelar. Então, nos seus sonhos, Kubitschek voltaria nos braços do povo. Deu tudo errado. Jânio renunciou e o vice João Goulart foi vítima do golpe de 64, que os militares vinham preparando em silêncio há quase 10 anos, pois só um tolo comete dois erros ao mesmo tempo, a saber: dizer que vai dar um golpe (essa fala torna o golpe impossível pois todos se tornam contra ele) e, em segundo lugar, não se dá golpe em nenhum lugar do mundo sem a anuência dos EUA. ] Nesse contexto, e omitindo muitos outros golpes dados nesse país, chegamos às eleições de 2022. Nesse ano enfadonho e repetitivo, dizem as pesquisas, até aqui, que dois candidatos têm chance de chegar à Presidência: Lula - com o velho discurso estatizante e getulista. Bolsonaro - titubeando entre o Auxílio Emergencial e a modernização econômica que o mercado tanto precisa. De resto, veremos nas campanhas eleitorais as famosas fake news, já bastante presentes nas campanhas e a novidade, que também já está presente: a deep fake.

Trata-se de uma modernidade de “propaganda política” na qual, por meio do algoritmo do computador, pode-se mudar a face e fala de uma pessoa ou apenas pegar fragmentos de uma conversa, foto, etc., induzindo quem está acessando o vídeo ao erro.

Está aberta a temporada de mentiras e chacotas, principalmente quando começar a propaganda na televisão. Falando nisso, foi interessante ver Jair Bolsonaro festejando, em Juiz de Fora, a facada. E Lula, que há muito tempo não é operário, discursando à frente de uma empresa. Enquanto isso, as poucas pessoas sóbrias desse país se perguntam sobre a reforma tributária, o aumento de trabalhadores com carteira assinada e, principalmente, quando voltaremos a crescer economicamente.

 

Prof. Egydio Neves Neto

Prof. Renata Neres