Aperte o cinto, o dólar subiu!
Nos últimos dias, um susto na economia brasileira: o preço do dólar voltou a subir, atingindo valores impensáveis em curto intervalo de tempo. O dólar está ficando mais caro e com uma valorização em relação ao real. O que isso impacta na vida do trabalhador comum?
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda em relação a outras moedas. No caso, o preço do dólar em relação ao real. Este valor é determinante para a relação entre oferta e demanda. Quanto maior o preço do dólar, menor o interesse em sua compra.
Para aqueles que consomem produtos importados, muito provavelmente haverá um acréscimo no custo de suas compras. Os preços subirão e haverá uma retração na compra dos importados e direcionamento da demanda para produtos brasileiros similares ou substitutos.
A tendência normal é de piora para os importadores e melhora para os exportadores. Ou seja, os produtos brasileiros ficarão mais competitivos no mercado internacional e serão mais consumidos. Isso melhora o saldo da balança comercial sensivelmente e pode, mantido o cenário, permitir a geração de mais e melhores empregos.
O dinheiro investido no setor produtivo não é considerado de risco, como o especulativo.
Para tentar evitar variações excessivas e bruscas do dólar, o governo tem ao seu alcance algumas ferramentas. Esses instrumentos financeiros consistem basicamente em colocar dólares no mercado para, assim, baixar o preço da moeda, ou em retirar dólares para forçar uma alta, dependendo do objetivo do governo.
A alta contínua da cotação do dólar tem, de maneira bastante resumida, duas explicações – uma de origem externa e outra de origem interna.
Com a economia dos Estados Unidos reagindo, o dólar volta a ser o investimento mais interessante para todo e qualquer investidor. Daí, quando todo mundo compra dólar, ele fica mais caro.
Por outro lado, o país acabou perdendo a confiança dos investidores por conta de tributação elevada, IOFs descabidos em momentos impróprios. No Brasil, nos últimos tempos, muitas mudanças de regras aconteceram, afetando a credibilidade. O problema interno que também afeta a cotação do dólar consiste num quadro que alia três fatores principais: inflação alta, uma economia que não reage e o desempenho das contas externas brasileiras.
Alguns produtos como pão, macarrão, massas, vinhos, combustíveis, entre outros, aumentarão de preço no mercado interno.
O custo das viagens internacionais também deve ser afetado. Acrescentam-se ainda os eletrônicos e alguns produtos agrícolas que têm o preço definido pelo dólar.
Agora, a perspectiva é que muita gente prefira investir em mercados que voltaram a ser seguros.
Momento é bom para exportações e turismo nacional. O dólar em alta estimula a compra de produtos nacionais, a exportação e o turismo dentro do país, que se torna mais barato para o brasileiro e ainda mais atrativo para o turista estrangeiro, que recebe em dólar.
Apesar de o governo federal descartar a possibilidade, é visível a tendência de alta na inflação decorrente da variação cambial. Ou seja, o momento é de cautela. Calma, prudência, muita pesquisa e planejamento cuidadoso.
Prof. Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, professor universitário do curso de Gestão Empresarial da Fatec Sertãozinho e da Unip/RP.