As caixinhas e a caixa-preta

10/06/2024

Alguns anos atrás, numa palestra por ocasião da semana dedicada às comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, o palestrante de um evento que participei abordou alguns dos motivos pelos quais as mulheres superam os homens em muitas funções.

Um dos motivos, segundo ele comprovado cientificamente, seria pelo fato de os indivíduos do sexo masculino terem o cérebro dividido em caixinhas, sendo que, dessa forma, realizam somente uma função de cada vez.

De acordo com o palestrante, as pessoas do sexo masculino, mesmo que desejem, não conseguem realizar mais de uma função ao mesmo tempo. Arrancando risos da plateia, ele disse: “quando a caixinha do futebol está ligada, não adianta falar nada para o indivíduo, entrar na frente da TV e acenar para chamar a atenção; estar mais bonita e superproduzida, pois ele só terá olhos e ouvidos para o jogo que está assistindo”. E completou: “cada caixinha funciona separadamente”.

Assim como eu, acredito que todas as mulheres ali presentes adoraram saber de tal estudo científico, comprovando por A + B, que realmente os seres humanos do sexo masculino precisam ligar cada caixinha num determinado momento, e separadamente, para não entrarem em curto e terem pequenas panes.

No instante daquela fala do palestrante, era notável os olhares risonhos das mulheres e os cochichos. Imagino que estivessem lembrando de situações ocorridas no dia a dia com homens de seus círculos de convivência, e chegado à conclusão dos motivos pelos quais não foram ouvidas.

Não que queiramos ser melhores que os homens, mas que as mulheres possuem uma caixa única e que possibilita a realização de variadas coisas ao mesmo tempo, além de armazenar incontáveis informações, como datas comemorativas, horários e muito mais, é inegável.

A mulher é capaz não só de pensar em várias coisas ao mesmo tempo, como fazer duas, três ou mais coisas, tudo junto e misturado. Ela amamenta enquanto mexe na panela; manda e-mails ao mesmo tempo em que pensa no que fazer para o jantar; alimenta os cachorros e demais pets enquanto dá bronca em alguma pessoa do convívio familiar que não está ajudando-a nos afazeres; lava louça assistindo a um documentário/reportagem que lhe interessa; limpa a casa e aproveita para dar uma mãozinha e/ou orientação na tarefa escolar do(s) filho(s); sai andando pelo lar recolhendo objetos fora do lugar enquanto escova os dentes. Ufa... São tantas coisas realizadas ao mesmo tempo pelas mulheres que muitas se reconhecerão aqui.

Além das variadas situações mencionadas acima, ainda sobra espaço na caixa-preta do cérebro da mulher para encontrar aquele objeto, roupa, calçado, alimento, entre outros itens que o homem procura, procura e não acha. A peça procurada está lá, no mesmo lugar de sempre ou no local indicado pelo ser humano do sexo feminino, entretanto, o homem não encontra. Aí entra em ação o dispositivo feminino, pacientemente ou impacientemente em algumas circunstâncias, e encontra o que o indivíduo homem não achou depois de tanto procurar. Nesse caso, podemos pensar que a única caixinha em ação – a do procurar –, falhou ou estava em manutenção, porque, vira e mexe, essa caixinha não funciona. Aí na sua casa é assim? Na minha - e em muitas outras - é!

 

Por: Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez

Jornalista – MTB: 47.966

Instagram: @tatianeguidonigimenez