Baliza de mãe

Tenho medo de fazer baliza. Isso mesmo! Na realidade, tenho pavor!

Desde quando me habilitei, há pouco mais de 20 anos, tendo sido reprovada na primeira prova prática de baliza, peguei um certo trauma de tal manobra.

Como vários motoristas, para fugir de fazer baliza, muitas vezes estacionei e estaciono o carro longe de onde poderia estacionar, para evitar um desgaste com algo que me deixa muito tensa e até com as pernas bambas.

Sei que algumas pessoas devem estar rindo ao ler este texto; seja por se imaginarem na mesma situação ou até mesmo por acharem o quão desajeitada (para não usar outro termo) sou especificamente neste quesito no trânsito; ou quem sabe por já terem presenciado tal cena e falado em pensamento: “que mão cortada, ruim de volante”!

O fato de parar o trânsito para colocar o veículo dentro de uma vaga através da baliza me dá palpitação e sinto até vergonha de quem está ali atrás, me aguardando. Diante disso, quase sempre, quando começo a tentar e não dá certo na primeira, desisto.

Confesso que ficava bastante desapontada comigo mesma por não conseguir fazer baliza. Hoje em dia, com a maturidade adquirida com o passar dos anos, já não sinto tanta culpa.

Passadas duas décadas da minha primeira habilitação para dirigir, hoje me considero uma boa “mãetorista” ou melhor, uma ótima “mãetorista”, e que, se preciso for, passo por cima de todos os medos e faço todas as manobras necessárias (e permitidas pela lei de trânsito) para ajudar minha filha; inclusive fazendo a “baliza de mãe”. Isso mesmo: baliza de mãe.

Eu provei para mim mesma que sou capaz de realizar tal manobra quando minha filha, na época com aproximadamente três anos de idade, estava ardendo em febre, depois de ter ficado a noite toda febril, com intervalos muito curtos entre a melhora e a piora; e tive que levá-la ao pediatra no dia seguinte.

Ao leva-la ao médico, cujo consultório fica no centro da cidade, a região estava lotada de veículos estacionados. Só tinha uma vaga próxima à edificação. Dei uma volta no quarteirão, com a esperança de encontrar uma vaga que pudesse estacionar de frente e de maneira ágil, porém, não achei nada por perto.

Diante da apatia de minha filha, que estava mole na cadeirinha, recebi uma força e uma coragem vinda dos céus, que só quem é mãe conhece. Passei por cima do meu pavor, pedi serenidade, capacidade e forças para Deus e Ele me deu.

Voltei ao local, fiz a baliza de forma rápida e certeira. Estacionei o carro e, mais que depressa, entrei naquele consultório, com meu anjo nos braços, para passar por atendimento médico. Desse modo, surgiu a “baliza de mãe”, e, quando preciso e não tenho como escapar, ela entra em ação.

Com esse fato, concluí que nós, mães, podemos muito mais do que imaginamos para proteger nossos filhos!! Viva as mães!!!

Por: Tatiane Cristina Pereira Guidoni Gimenez

Jornalista: MTB 47.966