Brasil, salva sua cara!
Américo Perin
Não há como se ignorar a necessidade do empreendedorismo face à crise mundial que atravessamos. Notícias recentes nos acenam com uma muito ruim expectativa para a economia brasileira neste início de 2023 e, pelo andar carruagem, sabe-se lá até quando. Declarações equivocadas do presidente eleito têm causado sérias reações negativas na área econômica e de pessoas que realmente entendem do assunto e, não se sabe a causa, apoiaram a eleição do candidato vencedor pelos votos das urnas e estão abandonando o barco. É só assistir aos noticiários na TV e ver esses especialistas criticando a fala do tal eleito.
Governos em todo o mundo estão incentivando o empreendedorismo como o motor do progresso e da melhoria da economia de seus países. Perceberam já que o povo tem que ser motivado e capacitado para desenvolver constantemente produtos e serviços inovadores. E as providências inevitáveis adotadas por eles, claro, passam prioritariamente pela educação, principalmente repensando a maneira pela qual os jovens são educados. Estudos mostram que todos nós já nascemos empreendedores, que nosso espírito empreendedor é inerente ao fato de sermos humanos. Assim, desprezando crenças antigas sobre o assunto, esses países estão pondo muita ênfase na necessidade de oferecer aos seus estudantes o entendimento da importância do estudo do espírito empreendedor. E isso está sendo feito dentro do sistema educativo, em todos os níveis.
Alguns países, que já começam o processo educativo do espírito empreendedor nas escolas primárias, o direcionam motivando para que gerem “futuros empreendedores” quando seus alunos estiverem prontos para entrar no mercado de trabalho. Diante do quadro mundial atual produtivo, sem dúvida, ser empreendedor é a opção da vez que recomendo, sem medo de errar, para as novas gerações. Um novo, atento e bem direcionado olhar para essa opção mostra que ela supera de longe as antigas preferências, como ser médico, advogado, engenheiro, dentre outros.
Essa nova atitude, se estimulada com um correto direcionamento, sem dúvida nenhuma produzirá por si uma importante mudança no modo de pensar e a criação de inúmeros novos empregos.
A imagem do trabalhador de carteira assinada esperando pela sua aposentadoria está fora de moda, ou pelo menos deveria estar. Como disse inúmeras vezes e repito aqui: enquanto os EUA foram colonizados por indivíduos que vieram com o espírito de ficar, de construir um novo país, uma nova pátria, e os filhos daqueles colonizadores aprendiam a ler com sua mãe, no Livro da Lei... A Bíblia... O que ocorria por aqui? Com certeza, não há necessidade de esticar a argumentação para explicar os resultados que advieram das duas práticas tão diferentes entre si...
Em outras partes do mundo, já se falava em empreendedorismo lá pelo século XVII. Aqui no Brasil, começamos a pensar no assunto, digamos assim, de forma mais profissional, só por volta de 1963... Em 1776, um livro já chamava a atenção: ”As Riquezas das Nações”, de Adam Smith, que explicou claramente que não era a benevolência do padeiro, se não o seu interesse próprio, que o motivou para fabricar o pão. Acho que esse pensamento resume a necessidade de se mudar o pensar dos brasileiros, pelo menos daqueles que ainda não esperam uma “bolsa desinteresse/desmotivação qualquer” para poder sobreviver.
Em resumo, espero que esta reflexão sirva para que os que atuam dentro do sistema educativo brasileiro compreendam a real necessidade de oferecermos uma escola de melhor qualidade, com professores que realmente dominem suas matérias e não fiquem simplesmente à espera do seu contracheque mensal e que se entenda também e com urgência maior a necessidade de um trabalho sério e competente e até compulsório, por que não, junto às famílias dos nossos estudantes. Tudo isso, claro, sem fazerem militância política nem para um lado nem para outro.
Que sejam premiados os merecedores e os que ainda não estão nesse nível, recebam eles e suas famílias, principalmente, algumas aulas que ensinem pelo menos a não jogar papel no chão, porque, depois disso aprendido, tudo fica mais fácil...
Reforçando: em minha opinião, as características e as capacidades para criar, manter um novo negócio baseado em fazer as coisas que não tenham sido feitas antes devem ser incentivadas. O empreendedorismo busca a autorrealização de quem utiliza este método de trabalho, estimula o desenvolvimento como um todo e o desenvolvimento local, apoiando a pequena empresa, ampliando a base tecnológica, criando empregos e ensinando a evitar armadilhas no mercado que está inserido.
Por que, em vez de gastar milhões na construção de estádios de futebol, o dinheiro não foi direcionado ao Nordeste, criando-se cooperativas em várias áreas, estimulando uma produção têxtil etc? Escolas direcionadas ao ensino técnico aproveitando-se as condições locais?
Curioso, quando estive em Portugal indaguei a um empresário qual era a base da economia do país, pois atravessei o país todo e não vi indústrias, como é costume se ver por aqui. A resposta foi “indústria têxtil”...