Brasuela

12/08/2024

Américo Perin

Não, não se trata de um neologismo. É só o nome de uma historinha.

Para um bom entendimento do conto, faço aqui um preâmbulo sobre o que é considerado como sendo uma comunidade. Para começar, ela precisa de pessoas que tenham as mesmas aspirações na forma de viver e morem numa área comum. Ela pode ser diferente no tamanho, ou pelo número de pessoas ou pelo espaço que ocupa. Há que existir respeito, tanto entre o povo que a compõe e, principalmente, por quem se dispõe a governá-la...

Então, vamos lá: era uma vez, uma região maravilhosa, privilegiada pela natureza, povoada por pessoas pacíficas e progressistas, gente trabalhadora e gentil.

Ali, prosperava “o bem do povo e a felicidade geral da nação”. E, claro, havia a necessidade de uma administração exercida por pessoas abnegadas que, voluntariamente, se propunham a isso.

A ordem natural das coisas foi seguindo até que alguém de um lugar muito distante teve a infeliz ideia de propor umas mudanças administrativas. Como o território era muito grande, foi necessário dividi-lo para facilitar a roubalh...(ops!). Separaram os territórios, assinando um tal de “tratado dos tortozilhos”...

Foram pouquíssimas as comunidades que aderiram às ideias propostas pelo escritor barbudo, pois não compactuavam em tirar-se as liberdades individuais das pessoas, muito menos com assassinatos (sentenças de morte, diriam alguns para dar uma imagem de legalidade a isso) de muitas e muitas pessoas que se opunham à ideia da administração controlar a quantia de alimentos que cada família poderia comprar e até o cúmulo de existir uma cota para as mulheres comprarem seus absorventes íntimos, que eram fornecidos pela administração e, diga-se, segundo relato, eram de péssima qualidade, e a quantidade autorizada para o fornecimento, insuficiente..

Resumindo: nos poucos lugares onde o novo sistema foi instalado, a pobreza que estava acabando ganhou força e muitos foram levados abaixo da linha da miséria.

Contudo, em uma região conhecida por Brasuela, o povo que antes fora livre e a prosperidade vinha ganhando terreno, pessoas do mal e, diga-se, sem instrução e nenhuma cultura, por meio de artifícios, conseguiram tomar o poder via eleições fraudadas, cujo resultado fora imposto à força.

Como consequência do tal tratado, necessitou-se de dois administradores, que, iguais na falta de instrução formal, na falta de cultura e, principalmente, por si sós muito incompetentes, criaram a maior confusão.

É, eu sei que toda fábula termina bem, com o famoso “casaram-se, tiveram muitos filhos e viveram felizes para sempre”.

Mas, nesta que ainda não acabou, não se sabe ao certo como será o final, pois um dos administradores talvez só caia de maduro e o outro, bem, esse é um velho gagá, doente e que só fala bobagens. Só deverá cair, esperamos que em breve, pelas próprias leis da natureza.