Busca da Inovação

06/06/2016

Arnaldo Jardim

Um laboratório NB3, que cumpre os requisitos de Segurança Biológica Nível 3, estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), único do nosso Estado e um dos poucos do País da área animal a ter esse nível de segurança, que será fundamental para o apoio e a execução dos programas sanitários brasileiros, contribuindo para as operações de comércio nacional e internacional. Possibilita uma ação mais rápida na área de defesa agropecuária. Serão feitos em até 48 horas atendimentos emergenciais para identificação de doenças - em situações normais, essas análises são feitas em cinco dias úteis, aproximadamente.

O Governo de São Paulo investiu cerca de R$ 2 milhões para implantação deste Laboratório NB3, inaugurado no dia 25 de maio. Certamente, o Estado terá retorno desse investimento, seja ele direto ou indireto. A confiabilidade de laboratórios de diagnóstico veterinário repercute na credibilidade da comercialização internacional de commodities animais, importantes na balança comercial brasileira. E o Instituto Biológico, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é referência de laboratórios acreditados pelos órgãos públicos.

O Instituto foi criado há 89 anos principalmente para combater a broca do café, mas ao longo do tempo foi ampliando sua atuação e se tornou símbolo de confiança, saudabilidade para os alimentos, sanidade animal e vegetal e inovação tecnológica.

Toda essa importância está não apenas no prédio que é um símbolo da Vila Mariana, na capital paulista, mas também em suas unidades em todo o Estado. Como o estratégico Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola, em Descalvado e Bastos, onde a sanidade dos planteis é constantemente analisada e a comercialização internacional garantida - mantendo a marca de nada menos do que R$ 1,5 bilhão anual em exportações.

Com seus laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o Biológico é credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para análises de pragas e doenças de plantas.

É essa confiabilidade que faz com que seja referência também na produção de vacinas para pelo menos 14 Estados brasileiros. Em 2015, foram comercializadas 2.372.620 doses – sendo mais de 642 mil para o rebanho paulista. É referência também internacional, com suas inovações buscadas por países de vários cantos do mundo como Turquia, Bolívia, Camarões, Espanha e Canadá.

Os resultados de suas pesquisas são agora diretamente transferidos para o homem do campo em iniciativas como o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf). Sempre orientando sobre problemas que causam grandes prejuízos ao agropecuarista como, por exemplo, a mastite bovina, a fusariose, o carrapato, a Sigatoka Negra e o ácaro rajado – enfrentado via controle biológico com ácaro predador, sem agredir a natureza.

É referência nacional para diagnóstico da Sigatoka Negra, uma das doenças mais temidas pelos bananicultores. É uma das duas únicas instituições brasileiras credenciadas para detecção de pragas quarentenárias. Possui o único laboratório no Brasil certificado para controle de qualidade de agentes de controle biológico de natureza fúngica e é certificado pela ISO 9001 para 12 escopos.

É dele o único laboratório público da administração direta acreditado pela NBR ISO/IEC 17025 para análise de resíduos de pesticidas em alimentos e bebidas, garantindo um alimento saudável à mesa da população. Possui a única Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas no Brasil.

É cadastrado junto ao Ministério do Meio Ambiente como fiel depositário de oito coleções biológicas. Abriga em seu Museu a maior diversidade de espécies de insetos vivos, sendo considerado o único jardim zoológico de insetos no Brasil. Mantém uma das maiores coleções do mundo de fitobactérias, provenientes de áreas tropicais.

Monitora cerca de 90% das centrais de inseminação artificial de touros registradas no País, atendendo aos protocolos internacionais para a comercialização de sêmen e embriões industrializados.

Esta dinâmica de atuação que se estende também aos nossos Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto de Zootecnia (IZ), Instituto de Tecnologia dos Alimentos (Ital), Instituto de Pesca (IP) e Instituto de Economia Agrícola (IEA), sob coordenação da Apta, corresponde à uma diretriz do governador Geraldo Alckmin de diminuir a distância entre a pesquisa e a produção. Este trabalho será intensificado com a implantação dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs).

São quase nove décadas de história e importância que não cabem aqui, não encontram espaço suficiente na mais afiada das memórias que seja. São 89 anos de uma vida dedicada a tornar o cotidiano do setor mais seguro, inovador e produtivo. Um trabalho que promete ainda muitas mais ótimas ideias.