CAFÉ - Após 2 anos de déficit, é possível recuperação em 2016/17

03/01/2017

Depois de dois anos seguidos de escassa oferta global de café, com déficits nas safras 2014/15 e 2015/16, a Organização Internacional do Café (OIC) prevê que há certo potencial para a recuperação em 2016/17, particularmente no caso dos grãos arábica. A projeção foi apresentada no Relatório Mensal de Novembro sobre o mercado cafeeiro, divulgado pela OIC, entidade do setor que tem sede na capital britânica.

Apesar do otimismo em relação à produção de cafés do tipo arábica, a instituição ainda projeta que a produção de robusta cairá na maioria dos principais produtores. "As perspectivas para os arábicas são mais positivas", resumiu a entidade no documento. As melhores previsões para a oferta do produto levam, no entanto, a uma correção baixista dos preços no mercado de café, de acordo com a OIC.

"A recente recuperação dos preços do café sofreu uma inversão significativa em novembro de 2016, atribuível às perspectivas de melhor tempo no Brasil e no Vietnã e, simultaneamente, à depreciação do real brasileiro", pontuou a entidade. Esse quadro, segundo a OIC, reduziu as preocupações com o futuro da oferta, apesar de o mercado ter sido deficitário nos dois últimos anos e das perspectivas ainda pouco otimistas da produção de robusta.

"Continua a haver café suficiente e, nos 12 últimos meses, as exportações totalizaram 112,4 milhões de sacas (60 kg)." Após alcançar o ponto mais alto de sua evolução diária em 23 meses, com 155,52 centavos de dólar dos EUA por libra-peso em 7 de novembro, o indicativo composto da OIC despencou para 137,01 centavos no fim do mês, com uma perda de mais de 18,5 centavos.

"Esse declínio é atribuível à melhora das perspectivas da oferta futura e à depreciação do real brasileiro, após vários meses de apreciação", explicou a entidade. A despeito da inclinação baixista, a organização destacou que a média mensal de novembro terminou 2,2% acima da média de outubro, registrando 145,82 centavos, seu nível mais alto desde janeiro de 2015.

O declínio dos preços diários pode ser confirmado pelos indicativos dos três grupos de arábica, que caíram cerca de 25 centavos entre seus pontos mais altos e mais baixos no decurso de novembro. Os preços diários do robusta chegaram a cair 8 centavos de dólar, mas sua média mensal fechou quase inalterada em relação à média de outubro.

"A arbitragem diária entre as bolsas de futuros de Nova York e Londres diminuiu bastante e, no fim de novembro, girava em torno de 60 centavos. A volatilidade dos preços cresceu consideravelmente."

Exportação cai 1,9%

As exportações de café caíram 1,9% no primeiro mês do novo ano cafeeiro (outubro), para 9,1 milhões de sacas de 60 kg, ante o volume vendido no exterior no mesmo mês do ano passado, segundo o relatório mensal de novembro divulgado nesta sexta-feira, 16, pela Organização Internacional do Café (OIC), que tem sede na capital britânica.

A entidade explicou que, no período, os embarques do café do tipo arábica subiram 4,7%, mas os do tipo robusta ficaram 12,9% menores, mesmo com o aumento do volume estimado das entregas do Vietnã. "A disponibilidade do robusta do Brasil caiu para níveis insignificantes, pois a queda de produção até este ponto do ano gerou muita escassez no mercado interno", trouxe o relatório.

O desempenho das exportações do Peru se manteve forte nos últimos meses, de acordo com a OIC e, nos sete primeiros meses do ano-safra (abril a outubro), as exportações peruanas aumentaram 31,2% em relação a 2015/16, alcançando quase 2,5 milhões de sacas. Estes novos dados, segundo a organização, sugerem que a produção do país melhorou "consideravelmente" este ano.

A Colômbia, segundo maior produtor de arábica, atrás apenas de Brasil, também começou o ano cafeeiro de forma positiva, conforme a entidade. A produção do país nos dois primeiros meses do ano (outubro e novembro) foi de um pouco mais de 3 milhões de sacas, o maior volume que o país produziu no bimestre desde 1998.

Isso também significa que a produção total da Colômbia nos 12 últimos meses alcançou 14,4 milhões de sacas, em contraste com 13,8 milhões no período anterior. No entanto, a OIC considerou que o potencial de grandes chuvas, e a hipótese de o fenômeno La Niña se desenvolver no início de 2017, poderá afetar a safra do país (Com informações da Agência Estado)