Chacinas e ameaças nas escolas refletem descaso com saúde mental, aponta psiquiatra

O Dr. Nelio Tombini explica que os transtornos de pensamentos, quando não tratados, evoluem para surtos psicóticos, causa primária dos últimos casos.
Quem tiraria a vida de crianças inocentes a sangue frio? O médico psiquiatra, escritor e palestrante Nelio Tombini explica que, provavelmente, os autores de chacinas e jovens que fizeram ameaças em escolas estavam passando por um surto psicótico, condição oriunda de problemas mentais que não foram tratados. “A saúde mental não recebe a devida atenção, principalmente das autoridades. O leigo não entende como é possível alguém ter um surto de loucura ou psicótico e isso levar a uma chacina. O surto pode durar horas e ser desencadeado por estresse intenso, uso de álcool ou quaisquer drogas, abusos físicos, bullying ou doença mental prévia”, explicou.
“O período da adolescência é um período de vulnerabilidade da mente. Uma criança não tem filtros para perceber os riscos que a vida oferece. Com a roupa de super-homem, é capaz de jogar-se pela janela. Na adolescência, estes filtros estão mais presentes, mas são frágeis e instáveis, mudando com rapidez”, explica o Dr. Nelio Tombini. Ele ainda ressalta que o sentimento de grupo presente nestes casos envolvendo as escolas amplifica a influência em mentes fragilizadas. “Se agissem sós, não chegariam a estas loucuras”.
O médico ainda aponta como casos de distanciamento parental possuem relação direta com a saúde mental “Os pais precisam prestar atenção aos filhos que ficam muito tempo trancados nos quartos. Os que trocam a noite pelo dia, talvez circulando na ‘deep web’. Percebo que as famílias pararam de conversar. Pais viajam nas mídias sociais tanto ou mais que os filhos. Muitos pais terceirizam à internet os cuidados e demandas dos filhos. A maneira que familiares e amigos podem ajudar essas pessoas é conversando. Essa atenção pode ser vital para um direcionamento em uma mente adoecida”, finaliza Tombini.
(Camejo Assessoria de imprensa)