Como lidar com a violência contra a mulher no ambiente de trabalho
Especialista em Desenvolvimento Humano explica como as empresas devem agir para prevenir e acolher agressões relacionadas a gênero
Agosto é conhecido como o Mês de Combate à Violência Contra a Mulher e se torna um momento de bastante debate sobre o tema. Porém, vale ressaltar que o ano todo traz desafios relacionados à equidade de gênero e diferentes tipos de agressão, da psicológica à física. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, através da Convenção de Belém do Pará, define a violência contra a mulher como qualquer conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico, tanto no âmbito público quanto no privado.
De acordo com Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com quase 30 anos de experiência, esta violência permeia todos os setores da sociedade, independentemente de classe, raça, etnia, renda, cultura, nível educacional, idade ou religião, e sua erradicação é essencial para o desenvolvimento individual e social das mulheres, bem como para sua plena e igualitária participação em todas as esferas da vida, em respeito aos direitos humanos consagrados nas declarações americana e universal. “No Brasil, em 2022, os índices alarmantes de violência doméstica contra mulheres destacam a gravidade do problema. A percepção da população sobre o aumento da violência contra a mulher caiu de 73% em 2021 para 65% em 2023”, conta.
Embora o foco muitas vezes esteja na violência doméstica, é igualmente importante abordar como essa questão se manifesta no ambiente de trabalho e como as empresas podem agir para proteger suas colaboradoras. “Quando levamos a discussão para o escritório, as empresas têm um papel fundamental em criar canais de confiança para que as mulheres possam relatar qualquer tipo de violência, seja ela ocorrida em casa ou no trabalho”, completa a especialista.
Ela explica que o primeiro passo para uma corporação é garantir que seu código de ética e conduta inclua diretrizes claras sobre o tratamento adequado e o repúdio a qualquer forma de violência. Além disso, é essencial criar canais confidenciais para que as mulheres possam relatar casos de violência com segurança. Bia destaca ainda a importância de sensibilizar todos os colaboradores, especialmente os gestores, sobre a gravidade desse problema e a necessidade de promover um ambiente de trabalho seguro e inclusivo.
“Neste cenário, falamos não apenas da violência física, mas de todos os tipos de violência, incluindo a psicológica, que muitas vezes passa despercebida. A violência psicológica pode se manifestar através de rejeição, depreciação, discriminação e humilhações, afetando profundamente a autoestima e a saúde mental da vítima”, alerta.
Empresas podem e devem atuar de forma preventiva, oferecendo treinamentos e palestras sobre diversidade e legislação, criando rodas de conversa com profissionais de saúde mental exclusivamente para mulheres e disponibilizando suporte jurídico e psicológico para as vítimas.
Atuações que funcionam
Nos últimos anos, iniciativas como a Coalizão Empresarial pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas têm mostrado que o setor privado pode ser um aliado poderoso nessa luta. Empresas como o Bradesco têm se destacado por suas ações proativas, como a criação de uma linha exclusiva para amparo de colaboradoras em situações de violência, trilhas de conhecimento sobre o tema e a implementação de respostas em sua Inteligência Artificial para combater o assédio.
“Identificar sinais de violência nem sempre é fácil, mas mudanças de comportamento, humor e produtividade podem ser indicadores de que algo está errado. É fundamental que gestores e colegas se aproximem com empatia e ofereçam suporte”, pontua. Ao receber uma denúncia, a empresa deve agir com sensibilidade, garantindo sigilo e oferecendo orientação jurídica e psicológica.
A violência contra a mulher é um problema estrutural que exige a responsabilidade de todos, inclusive das instituições. “Apenas com a união de esforços e a criação de um ambiente seguro e acolhedor poderemos avançar na luta contra esse problema”, conclui.
Sobre Bia Nóbrega:
Bia Nóbrega, com mais de 25 anos de experiência como Executiva de Gente & Cultura e reconhecida como LinkedIn Top Leadership Voice, é uma especialista dedicada ao Desenvolvimento Humano e Organizacional. Sua trajetória profissional é marcada por liderar equipes em variados setores e empresas de diferentes tamanhos, além de conduzir projetos internacionais e enfrentar desafios complexos. A partir de 2019, Bia expandiu seu campo de atuação para incluir Experiência do Cliente, Excelência e Governança, utilizando Metodologias Ágeis para promover um crescimento sustentável. Atuando também como palestrante, mentora, conselheira, embaixadora de soluções inovadoras, escritora e professora, Bia tem impactado inúmeras empresas e indivíduos, fornecendo orientações valiosas em temas como Liderança, Governança e Desenvolvimento Pessoal, sempre enfatizando o potencial ilimitado do ser humano.
Para mais informações, acesse https://www.linkedin.com/in/beatrizcaranobrega ou o site www.bianobrega.com.br
Carolina Lara