Cooperativismo e economia solidária: desenvolvimento com sustentabilidade
Américo Perin
Lá estávamos nós, três casais sertanezinos, amigos, dando um passeio por Portugal e Espanha. Alugamos um carro grande e viajamos de um país para o outro, ida e volta. E aí minha atenção foi despertada, na estrada, nas cidades também; não vi indústrias, não vi criação de gado, não vi plantações... Ou era uma “floresta” de eucaliptos ou antigas plantações de oliveiras...
Voltando a Portugal, aproveitei a boa prosa do dono de um restaurante, onde ele era: quem atendia o balcão, o garçom que servia as mesas, a pessoa que arrumava as mesas, que cobrava as contas e dava o troco... E o restaurante não era tão pequeno como se possa pensar. Bem, puxando conversa com o gajo, perguntei-lhe no que era sustentada a economia de Portugal, dado o que havia me chamado a atenção pelas cidades e na estrada. A resposta veio rápida: ora pois, pois, a indústria têxtil!
Bingo! Na mesma hora lembrei do nosso Nordeste tão sofrido: COOPERATIVA!!!!
Sim, como fizeram os imigrantes japoneses quando chegaram no Brasil? A dificuldade do idioma era uma barreira imensa a ser vencida. Outras línguas que vieram do Latim já não apresentavam esse problema de forma tão gritante como o idioma japonês. Então, uma das soluções, senão a melhor delas para que aqueles agricultores comercializassem os produtos das suas lavouras, foi ele, o cooperativismo.
Para se confeccionar roupas, não é preciso trabalhar numa terra pobre, que exige grande investimento em adubação, ficar sob um sol escaldante, enfrentar a falta de água em abundância para irrigação etc, etc.
Sob a proteção do cooperativismo, de treinamento adequado, de apoio governamental, teríamos aí uma atividade que abrigaria homens e mulheres com enorme melhoria de qualidade em suas vidas.
O cooperativismo, quando promovido a partir dos princípios da economia solidária, é considerado uma das principais estratégias para a conquista do desenvolvimento sustentável.
As primeiras práticas de economia solidária surgiram, no Brasil, em resposta à pobreza e ao desemprego em massa do início do século XIX, causados pela chegada do capitalismo industrial. A introdução e a difusão de máquinas a vapor fizeram com que milhares de trabalhadores e trabalhadoras perdessem empregos e começassem a se organizar em cooperativas e associações.
Agora, voltando lá no começo, quando falei sobre treinamento: é necessário que se conheça os princípios da Economia Solidária
Autogestão: não há a figura do patrão. Todos os trabalhadores e trabalhadoras participam das decisões administrativas em igualdade de condições.
Cooperação: ação conjunta para uma finalidade, um objetivo em comum. Contrária à competição.
Solidariedade: união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo. Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas.
Centralidade no ser humano: a economia e suas formas de produção, troca, distribuição e consumo são pautadas, primeiramente, para o ser humano e seu bem-estar.
Valorização da diversidade: diversidade cultural, biológica, étnica, linguística, religiosa, entre outras.
Valorização do saber local e da aprendizagem: compreende que o saber é algo construído através do tempo, gerações, vivências e territórios, mas o aceleramento do aprendizado pode ser feito através do treinamento.
Justiça social na produção: busca o equilíbrio entre partes desiguais, por meio da criação de proteções, em favor dos mais vulneráveis.
Cuidado com o meio ambiente: promove a conservação e uso racional de recursos naturais na produção. Também fomenta ações de recuperação e educação ambiental.
Ora, direis, ouvindo políticos..., “mas é necessário muito dinheiro”, e eu pergunto; não é melhor INVESTIR dessa forma do que GASTAR com as bolsas esmolas, que, segundo o famoso nordestino Luís Gonzaga já dizia numa canção “A ESMOLA OU VICIA OU ALEIJA O CIDADÃO”?...
Por outro lado, ainda temos o INVESTIMENTO do governo com máquinas, treinamento e isenção de impostos aliados à facilitação de exportação. Talvez nossos diplomatas teriam um pouco mais de trabalho, mas trabalhar é bom.
Terminando por hoje. gostaria de observar: “VIDE CHINA”!!!!! Nos (poucos) países europeus que conheci e, claro, também aqui no Brasil, tropeça-se nos produtos deles...
Ora, direis, ouvindo políticos (novamente). Já ia esquecendo, tem a questão do conhecido “curral eleitoral”...