CRISE - Metalúrgicos dispensados por carta chocam uma cidade inteira
Fernando Laurenti
Lena Aguilar
As pessoas estão assustadas com o número de desempregados por todo o Brasil. Alguns anos que não se via isso no país.
Em Sertãozinho, a crise chegou para valer na classe metalúrgica.
O Sindicato dos Metalúrgicos enviou informações, por intermédio da assessoria de imprensa, fazendo críticas às empresas pela forma como (as empresas) estão demitindo.
“Empresas desrespeitam seus funcionários e fazem demissões em massa. Sindicato está tomando providências”, disse o presidente Samuel Marqueti.
Várias empresas sertanezinas decidiram demitir seus funcionários na última semana.
“Começaram com a demissão de 47 funcionários na Brumazi, no dia 24 de julho. Em seguida, no dia 30 de julho, a Smar demitiu 73 funcionários. Na última quinta-feira, 6 de agosto, tivemos a desagradável surpresa da Dedini, que não teve o mínimo de consideração com seus funcionários, demitindo-os através de correspondência”, esclarece Samuel Marqueti, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho e Região.
Desesperados, os trabalhadores têm procurado o Sindicato para buscar informações para socorrê-los nesse momento difícil, visto que alguns empresários têm desrespeitado todos os direitos dos trabalhadores, inclusive assediando-os moralmente.
Marqueti esclarece que “tem empresa que está demitindo seu funcionário no final do expediente, não permitindo que ele nem pare para lavar as mãos, sendo colocados para fora da empresa como um qualquer. Esse mesmo trabalhador, que sempre esteve do lado do empresário quando precisou, em todas as situações. O pior de tudo foi a Dedini, que não respeitou os acordos feitos com a Justiça e com o Sindicato, atrasando os pagamentos dos funcionários há mais de noventa dias e agora, superando a falta de respeito, ao demiti-los por correspondência”.
Referente a essa ‘enxurrada’ de demissões, Marqueti esclarece que “está na hora dos nossos políticos começarem a pensar no trabalhador, por isso nos reunimos com o prefeito em busca de soluções. Chega de só o trabalhador pagar pela crise que assola o país”.
Marqueti alerta as empresas que estão aproveitando desse momento econômico para medir forças. “Estamos seguindo a lei - e a lei nos garante o não parcelamento. Portanto, as empresas que estão efetuando demissões em massa, sem buscar soluções junto ao Sindicato, podem ter certeza, estamos auxiliando os trabalhadores na busca dos seus direitos e já entramos com várias ações coletivas e buscando junto a Justiça medidas que diminuam esse desrespeito ao trabalhador, além de darmos todo auxílio jurídico ao trabalhador metalúrgico", finaliza o presidente Marqueti.
DECEPÇÃO
Valdecir Massaneto trabalha há um ano e meio como retificador. “Ninguém orientou que iria acontecer isso de imediato e dessa forma: receber uma carta em casa . Foi uma falta de respeito com os funcionários que estavam de greve. Estamos com o pagamento atrasado desde maio, e agora em agosto mandaram nós embora”, explica.
Emanuel Vieira dos Santos trabalhava há oito anos como afiador de ferramenta. “Recebi este telegrama em casa como se a gente fosse um moleque, uma falta de respeito. São anos de dedicação e recebemos isso com recompensa. Eles (os patrões) prometem uma coisa e não cumprem. Agora estamos no Sindicato para ver como vai ficar o rumo desta historia. Somos pais de família. O duro que não é somente a Dedini, há funcionários de outras empresas passando por esta situação caótica”, disse.
As coisas estão cada dia mais complicadas para o setor. As fábricas ficam ociosas ou quando fazem o serviço correm o risco de não receberem. Foi criada uma corrente de desconfianças e de instabilidade financeira no país que faz com que as coisas fiquem atravancadas. Alguns projetos que acabam aparecendo, muitas empresas não conseguem pegar o serviço por falta de recursos financeiros para fazer fluxo de caixa e colocarem para rodar as suas indústrias. Sem linhas de créditos ou sem nomes para conseguirem um financiamento, muitas empresas estão parando pelo caminho.
Agora uma coisa também precisa ser dita: alguns estão pagando pela má gestão e até mesmo por quererem dar o passo maior que a perna.
Só nesta semana foram demitidos 359 metalúrgicos do parque industrial de Sertãozinho.
Em entrevista à Rádio Comunitária, o prefeito Gimenez disse que as coisas estão sem rumo no país e que não vê luz no final do túnel. “Eu sempre fui otimista, mas na atual conjuntura política e financeira do Brasil não tenho esperança que as coisas vão melhorar com este governo. Ela (presidente Dilma) deveria pedir renúncia. O Brasil está sem rumo e a crise é muito grave. Estamos lutando. Vamos nos reunir com o Sindicato, e agora, na segunda, dia 10, vamos sentar com o presidente e a diretoria do CEISE, a chamado deles, para vermos o que vamos fazer”. - palavras do prefeito Zezinho.
A empresa Brumazi reuniu, na última sexta-feira, 7, a imprensa regional para esclarecer o que estaria acontecendo e assumindo o compromisso com os demitidos que estará fazendo de tudo para honrar as promessas feitas em relação aos acertos de contas dos 47 funcionários demitidos.
NOTA
“Neste momento, a situação é de que 47 funcionários foram demitidos. No dia 3 de agosto depositamos uma parcela referente a essas recisões, independente de qualquer acordo ou negociação. A empresa tomou esta atitude pensando no trabalhador para que ele não passasse o mês sem nenhum recebimento. A empresa Brumazi espera que esta solução seja resolvida e tomada o mais rápido possível, ainda neste mês de preferência, para que o trabalhador não seja prejudicado. Já no próximo mês, a empresa possa cumprir a sua obrigação também e depositar mais a segunda parcela para que esses funcionários consigam receber e também tenham as condições de receberem o seu FGTS e seguro desemprego. para que possam tentar uma recolocação de trabalho. Esperamos que o Brasil passe esta fase de crise, que também fomos afetados, por isso tivemos que cortar 47 funcionários”, explica a assessoria de imprensa da Brumazi.