Crônicas do meu amigo Américo Perin - Tocando emoções

Na sua cidade, tem uma Banda de Música?
Registros históricos da nossa colonização contam que, ainda no tempo em que aqui existiam trabalhadores escravizados – pelo menos quando isso ainda era permitido por lei –, os portugueses “importaram” alguns instrumentos musicais e também contrataram maestros europeus para que se iniciasse por aqui a criação de bandas e orquestras.
Alguns escravos privilegiados então, aprenderam a ler música e transformar a escrita musical em melodias. Conta-se que havia grandes concursos, em que as fazendas se representavam em grande gala, os escravizados músicos vestiam-se à moda europeia, não esquecendo, inclusive, daquelas perucas brancas enormes que eram coisa chique dos ricos que habitam do outro lado do oceano. Bem, havia um problema: os sapatos... pela falta de hábito no uso e pelos tamanhos dos pés, não eram possíveis seus usos. Mas esse detalhe não impediu que grandes disputas surgissem entre as orquestras, o que sempre trazia momentos de deleite e ideia aos brancos analfabetos dominantes, um clima de se pensarem nobres.
Passaram-se muitos anos, até que, com a necessidade de se trazer trabalhadores “livres”, com eles, principalmente os italianos, vieram também seus instrumentos musicais. Os negros libertos foram para as cidades e muitos se estabeleceram com os ofícios que haviam aprendido nas fazendas. Diz-se que a música - a música brasileira - nasceu dessa forma: com a música dos “barbeiros”. Os barbeiros, os alfaiates e outros profissionais encerravam suas atividades por volta das 17 horas e com seus instrumentos postavam-se nas calçadas, mesclando as melodias aprendidas dos maestros europeus com os ritmos que trouxeram da África.
Já os italianos estabelecidos nas fazendas, após o trabalho lavavam “os pé,” comiam sua “ministra” e, aos poucos, iam se reunindo nos galpões para tocarem seus bombardinos, trombones, clarinetes, pistons etc. Vou falar mais sobre isso. Vale a pena, pois hoje, apesar da falta de cultura propiciada pela educação oferecida aos nossos jovens, o Brasil é de uma riqueza musical invejada e muito aplaudida pelos nossos grandes nomes que a levam mundo afora. Estou falando de grandes músicos atuais, como ainda os temos, a exemplo do maestro João Carlos Martins e a pianista Eudóxia de Barros, meus amigos e conhecidos, e aplaudidos nos Grandes Palcos da Europa, Américas e além.
Bom, minha gente, e aqui estamos nós, Sertanezinos dos tempos atuais. Sábado passado, dia 20, a herança musical brasileira deixada pelos nossos antepassados levou a “ORQUESTRA JOVEM DE SERTÃOZINHO”, mais uma vez, a participar do cerimonial organizado pela “SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊCIA SOCIAL”: O CASAMENTO COMUNITÁRIO, que, pela primeira vez, foi realizado no Parque Linear da cidade. Num clima de grande alegria e excelente organização, 77 casais oficializaram suas uniões!
LEGENDA
Orquestra Jovem de Sertãozinho. Ao fundo, da esquerda para a direita, o Prefeito, Dr. Wilson Pires, sua esposa e Secretária de Assistência Social e Cidadania, Simone Pires, e a Coordenadora da Orquestra, Profª Ângela Maria Volpe.