DEDINI - Trabalhadores não aceitam proposta e greve continua
Eddie Nascimento
Há pelo menos 10 dias os funcionários da empresa Dedini Indústrias de Base, com sede em Sertãozinho e Piracicaba, estão de braços cruzados. A paralisação começou no dia 6 de maio e não tem data para terminar. Os funcionários realizaram uma assembleia, juntamente com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho na manhã de ontem, 15, e não chegaram a um acordo com a empresa.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Samuel Marqueti, revelou que a empresa pediu para que os trabalhadores retornassem aos trabalhos alegando fazer o pagamento nos próximos dias. “Nesse momento, vários trabalhadores alegaram que não estão parados apenas pelo atraso do pagamento, mas, também, por aqueles que saíram de férias há mais de 60 dias e ainda não receberam, como também pelos companheiros que foram demitidos e até hoje não receberam o acerto”, ressaltou Marqueti.
Em votação, por urna, os trabalhadores disseram não à volta ao trabalho. Uma nova proposta deve ser apresentada na próxima segunda-feira, 18 de maio, e uma votação será agendada.
Crise?
Em entrevista ao Jornal A Cidade de Ribeirão Preto, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos destacou que a situação atual da empresa Dedini não é só pela crise que castiga as indústrias da cidade. “A crise passa por todos os setores, mas nesse caso é má administração”, frisa.
De acordo com ele, 80 funcionários demitidos estão com as parcelas da rescisão atrasadas. “Há três meses esse pessoal não recebe”, afirma Marqueti. “Outros 400 trabalhadores temporários estão sendo demitidos e a Dedini também não está acertando a rescisão deles”, completa.
O sindicato da categoria acredita que, até agora, pelo menos 600 pessoas já foram demitidas somente na Dedini de Sertãozinho. “É um impacto muito grande para a cidade”, garante o sindicalista.
Queda de faturamento chega a 70%
Em nota, a Dedini informou que parcelou o pagamento dos salários do último 5 de maio em função da indisponibilidade de caixa, gerada pela grave crise que o setor de bens de capital e o setor sucroenergético vêm atravessando.
“Em função desta crise instalada nos últimos anos, a Dedini teve uma queda de faturamento de mais de 70% e uma inadimplência dos clientes que atinge R$ 100 milhões, o que levou a empresa a buscar recursos no sistema financeiro e aumentar seu endividamento”, diz.
A empresa reforça ainda, em nota, que tem solicitado a compreensão dos colaboradores em somar esforços para a continuidade das operações. “Quanto aos clientes, este movimento não afetará a qualidade e prazo de entrega de seus produtos” garante.
Por fim, a Dedini considera que a retomada das atividades irá permitir que a folha de pagamento dos seus funcionários seja completada até o início da próxima semana.