DEMISSÕES - Trabalhadores demitidos choram a dor do desemprego
Fernando Laurenti
De janeiro até agora, em torno de dois mil trabalhadores perderam seus empregos, mas, nas últimas semanas, a cidade de Sertãozinho se assustou com a grande quantidade de trabalhadores que ficaram desempregados.
Não existe coisa pior que uma demissão para um trabalhador pai de família, que vê seu filho pedindo as coisas e ele não podendo dar, pior ainda para aqueles que são demitidos e não recebem seus acertos. A sensação de impotência, desprezo - e sem falar o que passa pela cabeça da pessoa, imaginando que ele (trabalhador) não servia para nada, se sentindo um inútil.
O dessossego começou com a demissão de 50 funcionários da Brumazi no dia 24 de julho, que, após ações do Sindicato no Ministério do Trabalho, a empresa começou a pagar os direitos dos trabalhadores.
Em seguida, no dia 30 de julho, a Smar demitiu 73 funcionários, fora os 160 antes da Recuperação Judicial, de mais de dois anos. O Sindicato entrou com uma ação coletiva para que os funcionários possam receber o seguro desemprego e retirar o FGTS. “Os direitos dos trabalhadores com as verbas rescisórias também serão levados à Justiça, visto que a empresa não dá outra opção ao trabalhador”, esclarece Samuel Marqueti, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho e Região.
Em relação à Dedini, “além da empresa não apresentar propostas aos trabalhadores que estão na ativa, mas, em greve, devido à falta de pagamento desde abril, a empresa demitiu nesse mês, aproximadamente, 270 funcionários através de correspondência, demonstrando uma falta de respeito ao próximo e, principalmente, ao trabalhador”, esclarece Samuel.
Bom lembrar que antes mesmo desses 270, um outro grande número de trabalhadores foi demitido, cerca de 130, na época, há um ano e meio atrás, eles aceitaram o parcelamento dos seus acertos, acerto que deu problema, parcelas atrasadas e até sem serem pagas, uma confusão.
Referente aos trabalhadores da Fusitec, a diretoria do Sindicato já entrou com ação na Justiça e aguarda soluções para pagar os trabalhadores e resgatar os seus direitos trabalhistas.
A Zanini Sermatec também está demitindo, mas com a diferença de respeitar o ser humano. A empresa mostra que valoriza o funcionário que sempre esteve ao seu lado, ajudando-os a crescer. “Todos os demitidos estão recebendo seus direitos trabalhistas na hora”, esclarece o presidente.
O diferencial dessa demissão é que o funcionário vai sair da empresa com a cabeça erguida e com dinheiro para aguardar um próximo emprego ou abrir seu próprio negócio, diferente das outras empresas que não estão preocupadas com o seu próximo, mas, sim, abandonando-os num momento difícil. Justo aquele trabalhador que ajudou a empresa a crescer, conquistar o mercado sucroenergético e ser reconhecido como referência nacional.
Pacto Econômico
O CEISE Br, presidido por Antonio Eduardo Tonielo Filho, convocou uma reunião na sede do Sindicato dos Metalúrgicos com o intuito de tentar estancar as demissões na indústria de base da cidade. “Temos que tentar de todas as formas nos unirmos para buscarmos soluções na tentativa de amenizar as dificuldades que estamos enfrentando no momento, além de um pacto, estamos trabalhando uma grande ideia apresentada pelos empresários da indústria de base de Sertãozinho, o Retrofit. Se o governo nos ouvir e criar a linha de crédito pela Eletrobrás, BNDES, estaríamos com certeza dando uma grande injeção de ânimo e de grana no setor. Estamos lutando para conseguir. Pode um ou outro político aproveitador e desenformado dizer que isso não dá certo porque o país não tem investimentos em linhas de transmissão, muito se engana. O Retrofit é um financiamento em que as empresas usaram o recurso também para construir as linhas de transmissão. O pagamento seria em produção de energia à própria Eletrobrás”, disse Tonho Tonielo.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho e Região não está parado, muito pelo contrário, “Temos nos reunido com o prefeito municipal, com outros sindicatos e entidades de classe para buscarmos, juntos, uma saída para o trabalhador sertanezino. Queremos defender o emprego e estamos unindo forças para isso”, esclarece Samuel.
Demitidos DEDINI
Na última sexta-feira, 21 de agosto, o Sindicato se reuniu com os demitidos para definir os próximos passos.
Marqueti esclarece que a empresa está disponibilizando a rescisão e os trabalhadores já podem solicitar o seguro desemprego e dar entrada no FGTS. "O restante estaremos entrando com uma ação coletiva no TRT - Tribunal Regional do Trabalho, em Campinas".
Por ser demissão em massa, o presidente informou que pode entrar com ação para reintegração dos funcionários, ninguém aceitou.
Referente ao corte no plano de saúde, todos aprovaram por aclamação entrar com ação contra a empresa e também ao convênio. "Os trabalhadores sempre contribuíram e agora que precisam os convênios estão cortando. Eles têm direito e a empresa deve respeitar o trabalhador nesse momento difícil", esclarece Marqueti.
Na sexta feira, 14, os trabalhadores da empresa Camaq entraram em greve, segundo informações passadas por trabalhadores. Pararam por estarem com seus salários atrasados e com bloqueio do plano de saúde, a paralização durou 3 dias. A empresa depositou os salários atrasados e, em votação fechada, os funcionários da Camaq voltaram a trabalhar já no turno da noite de terça-feira.