Dia do Trabalhador

02/05/2022

Queremos começar essa coluna parabenizando todos os trabalhadores e trabalhadoras, até mesmo os que infelizmente estão desempregados, e, é claro, na esperança que consigam um trabalho com salário digno. Continuando, gostaríamos de relembrar, nesse dia que é uma mistura de festa, política e reflexão, o tempo de Vargas, o grande presidente que soube, como ninguém, trabalhar ao mesmo tempo para o capital e o trabalho.

Getúlio, não por acaso, era chamado de “o pai dos pobres” mas também era conhecido como “a mãe dos ricos”. Claro que essa contradição divide opiniões até hoje sobre A Era Vargas, pois, na sua época, Getúlio era chamado de comunista pelos empresários e de capacho dos capitalistas pelo proletariado, mas é possível entender os dois lados críticos de Getúlio, pois, quando o presidente publicava a CLT (uma carta repleta de direitos aos trabalhadores), os empresários, obviamente, não o entendiam.

O mesmo se dava quando Getúlio usava o Estado para proteger os empresários, os proletários também não o entenderam. Um exemplo é a criação do salário mínimo, que, para os capitalistas da época, era coisa de comunista. O outro lado achava que o salário mínimo não poderia ser tão pequeno, mas vejamos como trabalhava a administração getuliana: ao criar o salário mínimo e dizer o seu valor, ele protegia os trabalhadores e, ao mesmo tempo, intervinha na luta do capital e do trabalho, pois o salário mínimo, obviamente, impedia ganhos salariais ínfimos, o que era bom para os trabalhadores.

No entanto, ao impor o salário mínimo, ele ajudava os empresários, pois isso evitava as greves por melhores salários. Além disso, o empresário inteligente, sabendo qual era a massa salarial que podia produzir mercadorias segundo essa demanda. Portanto, Getúlio trabalhava para impedir o avanço dos comunistas sob a classe trabalhadora. É necessário entender que, no início do século XX, os comunistas tinham influência sobre os trabalhadores. É nesse delicado contexto que precisamos entender o governo de Vargas. Ele tinha que industrializar o Brasil e, ao mesmo tempo, trazer a classe trabalhadora para o lado do sistema capitalista.

Mas, dando um salto longo na história, e caindo em 1991, quando morre a URSS, e tem início a globalização e a digitalização da informação e do trabalho, é evidente que a famosa CLT precisa ser estudada à luz de um novo tipo de economia que vem se fazendo nos tempos de hoje. Daí o surgimento das correntes políticas que advogam as seguintes opiniões: existem aquelas que acreditam na necessidade da manutenção da CLT, pois nem todos os trabalhadores estão prontos para os novos tipos de trabalho; Outros advogam a necessidade de pôr fim à referida carta, para que os empresários, livres dos encargos a eles impostos, possam criar empregos; Ainda existem os que defendem que essas mudanças devem ser feitas pelo Estado. É nessa situação que vamos votar em outubro. Por isso, seria muito importante que os partidos políticos declarem a verdade sobre o que pretendem fazer sobre a questão trabalhista, dando oportunidade ao eleitor de escolher conscientemente o melhor para o Brasil.

 

Prof. Egydio Neves Neto

Prof. Renata Neres