“Diproma” ou conhecimento?
Para Simon Schwartzman, pesquisador do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), o principal problema da educação brasileira é a qualidade, que no ensino médio se soma à falta de alternativas. "Uma população muito grande chega ao ensino médio com formação precária. Não se pode ter um modelo de formação única. Você tem o jovem se preparando para a universidade, mas também tem o adulto de olho no mercado de trabalho", afirma.
Em educação, o que impede o IDHM de avançar mais é a escolaridade da população adulta. O Brasil ainda tem um grande número de pessoas com 18 anos de idade ou mais que não concluíram o ensino fundamental. E, apesar de todas as “facilidades” oferecidas pelas nossas escolas públicas, esse percentual não vem caindo!
"O ensino médio está estacionado em matrículas. A saída do ensino fundamental não cresce como deve crescer e o pessoal que está fora do ensino médio precisaria de EJA [Educação de Jovens de Adultos] que não se tem na quantidade desejada", observa Alavarse. De acordo com o professor, é preciso melhorar as condições de atendimento aos alunos e repensar as práticas escolares.
Mas quem vem de gerações mais antigas de estudantes é unânime em afirmar: a baixa qualidade do ensino e má formação de docentes atrapalham a educação.
E o que mais causa desalento é o fato dos nossos alunos terem a impressão de que realmente estejam sendo formados com um bom nível de escolaridade. Oriundos, na sua grande maioria, de famílias de baixa renda, em que os pais e avós muitas vezes não concluíram o nível do antigo curso primário, esses alunos não trazem como tradição o hábito da leitura, da curiosidade por pesquisas e carregam consigo um baixo nível de formação e informação, portanto não possuindo um nível crítico para determinar parâmetros, sendo presas fáceis dos argumentos de escolas não boas, mas que “vendem” bem seu produto...
Schwartzman ressalta que um bom número de estudantes do ensino médio está em escolas noturnas, que funcionam mal. "Temos problemas graves que não melhoram muito. Mesmo o ensino convencional é de má qualidade. É um desencontro entre o que é pedido e as necessidades das pessoas que entram nesse curso", completa.
E como melhorar os índices da educação nos municípios? A professora da Faculdade de Educação da Unicamp Adriana Momma-Bardela acredita que se faz urgente uma reforma nos cursos de formação inicial de professores de educação básica - pedagogias e licenciaturas.
"É imprescindível que os professores em formação inicial aprendam e saibam efetivamente como se ensina, como se aprende, como se acompanha o aprendizado, o que e quem fundamenta o conjunto de suas ações e propostas formativas", aponta Adriana.
A professora também afirma que compete aos municípios e estados a elaboração de planos de carreira, planos municipais de educação, a explicitação do projeto político pedagógico municipal e a política efetiva de formação continuada e em serviço. "Estamos democratizando a educação por meio de ações que punem os professores e crianças pobres, ao priorizar e enfatizar os números e indicadores em detrimento da qualidade das interações e relações humanas", disse.
Adriana ainda ressaltou a necessidade de profissionais do executivo que saibam como se implementam políticas públicas de educação: "Não precisamos de diretores de educação ou secretários de educação que compram apostilas e cursos para alcançar índices e resultados. Precisamos de dirigentes da educação que fomentem o debate efetivo e amplo com a comunidade escolar e população de forma mais ampliada e profunda sobre o real sentido e significado da educação".
Enquanto estudiosos do assunto oferecem seus argumentos e sugerem melhorias na nossa educação, a prática nos mostra alguns pré-formandos procurando-me para assinar seus termos de estágio: A maioria sequer sabia da existência da nossa escola de música e Orquestra, mas, na onda dos comentários entre os colegas com a mesma necessidade, vieram até mim, julgando poder fazer com seu estágio o mesmo que fizeram com os trabalhos exigidos durante o curso. A diferença é que os professores das suas faculdades aceitaram os trabalhos que eles apresentavam durante o curso, mas eu não assino estágio que não foi feito.
Duas pérolas:
Uma aluna de pedagogia que me procurou passou por uma discreta entrevista que faço com todos nessa situação. Minha pergunta, embutida numa frase jogada na conversa, induzia a quase pedagoga a dizer o nome do presidente e do vice-presidente da república. Ela titubeou um pouco e devolveu: “o presidente... é Bolsonaro, mas o vice não sei”. E deu uma risadinha simpática... Em seguida, perguntei: “Mas você tem título de eleitor, não tem?”. Mais uma risadinha simpática e ouvi: “Sabe o que é? Eu assisto pouca televisão...”
Outra “quase formanda”, também de pedagogia (esse curso virou moda, não?!), mandou-me pelo Facebook (que tem corretor de ortografia!!!!!) um bilhete informando que: “CINTO muito MAIS minha filha vai faltar hoje...)!!!!!!!!!”
“Ora, direis caros leitores..., mas essas com certeza não conseguirão obter uma boa classificação em um concurso público e nem serão aceitas em uma escola particular. Sim, teríeis razão não fosse a realidade das “substituições” e outras coisinhas mais existentes no ensino brasileiro. Fora o fato já comentado em uma das minhas matérias, na qual reproduzi a fala de uma professora de português, essa sim, concursada, e que sendo moradora de outra cidade perguntava à secretária da escola “NAONDE” ficava a Secretaria de Educação pois tinha “DE” entregar uns “DOCUMENTO”.
“Mais” não tem “pobrema” O Presidente eleito tem Diploma Honoris Causa. E já vi entrevista dele em que confessava preferir uma boa esteira a um livro.
Tchau, (risadinha simpática)...