ECONOMIA - BC prevê queda de 3,6% no PIB e inflação de 10,8% em 2015
O Banco Central calcula que a economia brasileira encolha 3,6% e a inflação chegue a 10,8% em 2015, de acordo com o relatório trimestral de inflação, divulgado na quarta-feira (23). A projeção é pior do que a divulgada no relatório anterior, em setembro, quando o BC falava em encolhimento de 2,7% da economia e inflação em 9,5%.
Para o ano que vem, a projeção é de que a inflação chegue a 6,2%, pior do que a expectativa anterior, de 5,3%, mas ainda abaixo do teto da meta do governo.
O objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (na prática, variando entre 2,5% e 6,5%).
BC vê dólar a R$ 3,90 no fim deste ano
Para o dólar, o BC estima o valor de R$ 3,90 no final de 2015. Para a taxa básica de juros (Selic) projeta manutenção no valor atual, de 14,25%.
Ao longo do ano, o BC foi piorando suas projeções para a economia brasileira.
Veja a evolução:
Projeção para o PIB
- -0,5%em março de 2015
- -1,1%em junho de 2015
- -2,7%em setembro de 2015
Projeção para a taxa básica de juros (Selic)
- 11,75%a. em dezembro/2014
- 12,75%a. em março/2015
- 13,75% a. em junho/2015
- 14,25%a. em setembro/2015
Projeção para o dólar
- R$ 2,55 em dezembro/2014
- R$ 3,15em março/2015
- R$ 3,10em junho/2015
- R$ 3,90 em setembro/2015
Projeção para a inflação
- 6,1%em 2015 e 5% em 2016 (previsão de dez/14)
- 7,9%em 2015 e 4,9% em 2016 (previsão de mar/15)
- 9% em 2015 e 4,8%em 2016 (previsão de jun/15)
- 9,5%em 2015 e 5,3% em 2016 (previsão de set/15)
Projeções do mercado e do governo
Analistas de mercado consultados pelo BC em sua pesquisa semanal, o Boletim Focus, afirmam que o país deve fechar este ano com a economia encolhendo 3,7%, inflação de 10,7% e dólar a R$ 3,90. Para 2016, eles esperam que o PIB encolha 2,8%, inflação de 6,87%, juros a 14,75% ao ano e dólar a R$ 4,20.
O governo, por sua vez, estima que iremos fechar 2015 com retração de 3,1%, inflação a 9,99% e dólar a R$ 3,35, segundo as projeções mais recentes, divulgadas pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda em novembro.
Sonho de inflação a 4,5% mais distante
Em seu último relatório, o BC confirma que a inflação no centro da meta do governo está mais distante de virar realidade.
O objetivo do governo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (na prática, variando entre 2,5% e 6,5%).
Até setembro, o BC dava a entender que conseguiria baixar a inflação para 4,5% até o final do ano que vem. Porém, esse discurso foi ficando menos otimista, e o BC passou a falar em inflação no centro da meta somente em 2017.
Relatório orienta decisões do BC
O Relatório de Inflação é publicado trimestralmente pelo Banco Central. Ele reúne indicadores da economia nacional e global, além de projeções para os próximos meses feitas pelo próprio BC e por analistas de mercado.
O objetivo do documento é identificar a tendência da inflação, para embasar as decisões do BC a respeito dos juros. A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, se reúne para definir a taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para outras taxas.
Em geral, juros altos são usados para controlar a inflação, porque deixam o crédito mais caro e levam as pessoas a consumir menos, forçando os preços a caírem. Por outro lado, juros altos dificultam o crescimento, principalmente num momento de crise e desemprego, como o que o Brasil enfrenta.