AMÉRICO PERIN

10/03/2025

Neste país de tantas desigualdades, cada vez que se vê um relatório das Nações Unidas com dados comparativos entre os países, talvez se entenda mais um pouco sobre a causa da apatia que já toma conta de muitos brasileiros.

O governo incompetente e que gasta mal o dinheiro do contribuinte está causando uma tremenda falta de opção profissional para nossa juventude, que, cada vez mais, sonha com uma vida em países melhor administrados, onde seus talentos sejam respeitados e mais bem aproveitados.

Sabe-se que o investimento em educação - familiar e formal - de boa qualidade é um dos principais indutores de redução da desigualdade social. E os indicadores que desvendam nossa miséria cultural e educacional são fatores de muito peso que podem influenciar positivamente ou negativamente nossas relações com países mais desenvolvidos.

Sabedores disso, alguns governos, até hoje, tentam burlar nossa imagem através da fabricação de índices equivocados, com cursos de alfabetização que só formam analfabetos funcionais e agora, inclusive, pasmem, com cursos de nível superior via satélite - o aluno assiste em sua casa confortavelmente às aulas e ao fim do curso recebe seu diploma que, diga-se, não o qualifica para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e seletivo.

É obvio que essas aberrações não resolvem nossos problemas. Diria até que os alimentam. Num país em que a corrupção se estende desde um simples fiscal de prefeitura, que recebe propina para fechar os olhos ante uma placa de propaganda colocada indevidamente, até maus políticos eleitos mais por suas desqualificações e que achaca o dinheiro público por uma quantia ínfima, própria do seu tamanho, não se pode esperar realmente que a educação seja privilegiada. Também não se pode esperar que um governo eleito através de um estelionato eleitoral se preocupe com a educação do povo. Considero aqui como estelionato o fato de não se dar educação e informação adequadas para que a grande maioria de eleitores tenha senso crítico para avaliar adequadamente as competências dos candidatos a cargos públicos. Isso, claro, imaginando que nunca os resultados das urnas serão burlados.

Esperava-se, na tão propalada democracia implantada após a entrega do governo militar aos civis novamente, que se fizesse uma administração caracterizada por enfrentar e solucionar a infinidade de desvios que existem na nossa política. Mas os profissionais da política brasileira não aprenderam a lição e agora sabemos que a solução dos nossos problemas, endêmicos, mais uma vez ficou só na nossa ilusão. Ou melhor, na nossa desilusão.  

Finalizando, fatos recentes ligados à escola pública de hoje e que estão todos os dias na mídia a nos chamar a atenção: vandalismo, alunos que saem das escolas sem saber interpretar um texto escrito, professores formados em faculdades de fins de semana e que não têm conteúdo para passar para os alunos... Mudou a forma de ensinar, mudou o conteúdo das matérias, mudaram os professores e, principalmente, mudaram os alunos e suas famílias.

A grande maioria da população não pratica mais engajamento da família com a escola, não há mais a família como a conhecemos. Hoje, os valores são outros e, insisto, grande parte dos professores estão recebendo uma formação que deixa a desejar e ficam impotentes frente a grande carga de informação que os alunos recebem via mídia eletrônica e que quase nunca leva conteúdo de padrões desejáveis à formação de uma boa sociedade. Isso sem falar nos valores morais, de disciplina e respeito, que foram totalmente relegados a níveis absurdamente desprezíveis.

Ah! Ia esquecendo, como passaram o Carnaval?...