Estudos, pesquisa e país desenvolvido

23/01/2023

Américo Perin

Já estou cansado de ouvir os repetitivos discursos “do que vamos fazer”, “do que precisa ser feito...” Uma oratória retrógrada, igualzinha à do sindicalista lá dos anos 60. Demagogia e outras coisitas mais nas quais não quero entrar hoje. Mas... por que não fez quando teve oportunidade?

A Revolução Industrial iniciada lá no século XVIII propiciou o surgimento da indústria e também o surgimento do capitalismo, sistema de organização da sociedade que pode ser comparado a um tipo de “libertação dos escravos”. A chegada da indústria espalhou-se pelo mundo da época, contudo Portugal não percebeu a importância dessa chegada e perdeu a oportunidade da modernização. Continuou vivendo de extrativismo, principalmente das suas colônias e, com o tempo, tudo que havia ganho em importância e desenvolvimento, com suas navegações, perdeu-se no ganho fácil do receber sem trabalhar...

A vida fácil, propiciada pela falsa sensação de riqueza criada e sustentada pela economia dependente do que vinha das colônias, fez o povo se distanciar de estudos e pesquisas nas várias áreas do conhecimento.

Sua poderosa frota de navios reduziu-se a um quase nada, tanto em quantidade como em poder de operação. Seus grandes e competentes navegantes sumiram. E o sempre pequeno Portugal continuava nos vícios e tradições da atrasadíssima Idade Média.

Isso tudo só serviu para a sempre presente dependência do país para com a Inglaterra.

Há relatos de que, enquanto o mundo se modificava com novos conhecimentos científicos e tecnológicos, em Portugal ainda se queimavam pessoas nas fogueiras! Foi o último país a abolir o trabalho de pessoas escravizadas, a educação passava longe de todos, desde a nobreza até o mais humilde cidadão.

Estive lá há não muitos anos atrás e me espantei por não ver chaminés fumegando nem qualquer tipo de construção fabril pelas estradas e cidades por onde passei – com um carro alugado em Lisboa, fui até a Espanha e voltei.

Até hoje, aqui no nosso país, considera-se o trabalho manual com certo preconceito, coisa de gente menor... pois esse tipo de trabalho, de alguma forma, remete à impressão de ser próprio de alguém escravizado...

Brasil de hoje. Nosso ensino formal atual, tão elogiado pelos governantes que aí estão, formou um número muito grande de escolas - faculdades principalmente -, onde o aluno, indo procurar informação, no acaso de esquecer sua carteira de identidade no balcão da secretaria e, no dia seguinte, ao ir buscá-la, tem a surpresa de já estar matriculado...

O resultado está aí à mostra. Quantos universitários formados, que pagaram a duras penas suas “prestações” por anos e no final receberam um papel para pendurar na parede. Sim, alguns até estão no mercado de trabalho, mas exercendo os mesmos serviços que estariam fazendo sem ter ido às tais faculdades: não lhes deram o CONHECIMENTO que lá foram buscar!!!

Há exceções, mas muito poucas. Eu acho que, como diz o caipira (eles ainda existem?), “inda que mal perguntando”, não podemos comparar o começo desta matéria com seu final?