Excesso de confiança dá nisso
Américo Perin
Como diz o lema escoteiro; “Sempre alerta!”. E é assim que se deve estar em tudo que diz respeito à vida.
Durante anos, as pesquisas indicavam a superação numérica de pessoas que se declaravam católicos praticantes em relação aos que professavam outras religiões. Estou falando do Brasil.
Esta posição cômoda fez com que os pastores da Igreja de Roma descuidassem um pouco das novidades que chegavam com a celeridade da modernidade. Acontece que os católicos iam se adaptando aos novos tempos e, com isso, criando novos questionamentos e interpretações sobre religião. Principalmente os jovens.
Enquanto outras orientações cristãs pregavam a teoria da prosperidade nesta vida, o catolicismo permaneceu na tradição dos seus atos litúrgicos. E não se pode negar que em seus cultos há um certo clima de tristeza, tanto no modo de falar dos seus sacerdotes como nas mensagens que eles pregam.
No mundo todo, também o susto foi grande, mas no Brasil as pesquisas mostraram que o resultado disso tudo foi um enorme afastamento, principalmente dos católicos mais jovens. Ao ser informado sobre isso, o próprio Papa, na época, disse-se pego de surpresa, pois não sabia dessa situação e declarou que se tratava de algo muito grave.
Cabe agora ao catolicismo ouvir o que dizem os jovens. Com certeza, a prioridade deles não é saber a cor da roupa ou paramento que um padre usa em cada ocasião, nem se é tão importante bater com a mão no peito durante uma ou outra oração.
Lembro-me das férias de um primo que era seminarista (na verdade, ele desistiu da vocação pouco antes de se ordenar – era um jovem precoce certamente): antes de, naquele tempo, assistir a um filme da dupla O Gordo e o Magro ou ler um livro qualquer, ele tinha como obrigação pedir a autorização do vigário da sua paróquia. Não sei se hoje em dia esse tipo de coisa mudou, mas o jovem mudou. Vê-se isso claramente nos depoimentos de vários deles na faixa de idade entre 16 e 31 anos, que foram publicados recentemente numa revista de grande circulação nacional.
Estrategicamente ou não, agora temos um Papa que prega e pratica a simplicidade. O jesuíta de alma franciscana, Papa Francisco, na sua humildade, clareza e objetividade, está encantando a todos. Na sua firmeza de administrador e disciplinador, está incomodando setores do Vaticano que não andavam lá muito dentro das normas...
Papa Francisco, que seus pastores entendam rapidamente a necessidade urgente de se adaptarem à realidade atual. A história está aí a nos contar as consequências que vieram para a Igreja de Roma sempre que ela se afastou da verdadeira mensagem de Cristo: simplicidade, humildade, caridade, verdadeiro amor ao próximo etc.
Portanto... Boa sorte, Papa Francisco. Que, de tão bom, permitam-me uma pequena descontração, já fez seu primeiro milagre: estamos começando a gostar dos argentinos...