Falando de Economia com Beto Bellini - Mais dicas sobre construção
Na semana passada, apresentamos algumas dicas para quem vai construir sua casa própria. Entre todas as mensagens recebidas por e-mail, chamou a atenção uma de uma família residente no Jardim Ouro Preto, que conta ter seguido uma orientação nossa em um antigo programa de televisão. Ao invés de construir uma edícula no fundo do terreno e depois a casa, projetaram o imóvel de maneira modular, construindo por etapas. Isso gerou economia de tempo, dinheiro e material. Hoje, a casa está pronta, com três suítes, sala, copa, cozinha, lavabo, escritório e área de serviço.
CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA
- preferencialmente, somente chamar profissionais conhecidos ou indicados por amigos ou parentes. Se possível, é bom ver um trabalho pronto;
- utilizar uma equipe que normalmente trabalha para o seu arquiteto ou engenheiro pode ser mais cômodo, mas nem sempre sai mais em conta. Caso outros operários competentes e de confiança sejam conhecidos, verificar com o profissional responsável pela obra se não há empecilhos, fazer a cotação com os dois grupos e então decidir;
- quando se tem um empreiteiro, é ele o responsável pela contratação e pagamento de encargos trabalhistas. Se a administração da obra não contar com esse profissional, é importante estabelecer uma relação contratual por escrito com os operários, especificando o tipo de serviço que se espera deles, o prazo e o valor. Não se deve esquecer de recolher o INSS dos trabalhadores. Caso contrário, esse valor terá que ser acertado de uma só vez ao requerer o Habite-se à prefeitura, evitando problemas com a Justiça do Trabalho;
- determinar uma forma de pagamento baseada na produção, estabelecendo assim que o pagamento da mão de obra ficará condicionado ao cumprimento de determinadas etapas e prazos. Não faça adiantamentos sem que as etapas tenham sido cumpridas.
COMPRA DE MATERIAIS
- pesquisar exaustivamente os preços de materiais e pedir orçamentos por escrito. Para poupar tempo, verificar se a loja fornece orçamentos por fax ou e-mail. Fazer a pesquisa levando em conta os parâmetros estabelecidos pelo profissional que elaborou o projeto, tentando achar a melhor relação entre qualidade e preço. Há também um custo de manutenção, ou seja, materiais de baixa qualidade só são economia a curto prazo, e em pouco tempo a obra começará a apresentar problemas.
- tentar, se possível, fazer compras em conjunto caso haja vizinhos construindo perto. Quanto maior a quantidade de material encomendado, maior o poder de barganha para negociar preços, além de ser possível dividir os custos de frete;
- conferir se o material entregue na obra é o mesmo comprado e se está na quantidade certa. Cuidados redobrados devem ser tomados com material a granel, como areia;
• pesquisar também em lojas de materiais de demolição e cemitérios de azulejos. Neles, é possível encontrar muita coisa em bom estado e por um bom preço
ACOMPANHAMENTO
• é importante acompanhar de perto a obra para ter certeza de que o planejamento está sendo cumprido e de que não há desperdícios. Caso isso não seja possível, deve-se escolher um profissional competente e de confiança para tanto. O olho do dono engorda a boiada, diz o ditado.
ESTOCAGEM
• observar o prazo de validade de materiais como o cimento. Não deve ser armazenada muita quantidade nem com muita antecedência .
- o material deve estar protegido da chuva, vento e outras intempéries. Evitar construir no período mais chuvoso de sua região.
ACABAMENTO
• evitar comprar materiais da moda; os tradicionais; além de serem mais baratos, são mais fáceis de repor;
• pisos de cimento queimado coloridos podem substituir mármores e granitos em locais que pedem resistência a um custo baixo. Se não for bem executado, o piso pode rachar;
- materiais de acabamento nobre mais baratos podem ser encontrados, junto aos fornecedores, em promoção ou sobras;
- seguir a linha da parede no assentamento de pisos e azulejos consome menos peças; a colocação na diagonal requer mais recortes, implicando em mais material para cobrir a mesma área;
• os azulejos não precisam ir até o teto; as meias-paredes podem receber um barrado colorido para complementação;
• no entulho da obra, podem existir materiais que podem ser reutilizados (por exemplo, pedriscos que sobram a cada peneirada de areia podem virar um caminho no jardim). Hoje, a logística reversa é uma fonte de renda para muitas empresas.
Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, coordenador do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e professor da Unip/RP.