Falando de Economia com Beto Bellini - O cliente é o culpado!
A ironia do título se justifica, embora eu não acredite na afirmação.
Nas mais recentes crises de desabastecimento, o argumento sempre foi esse: o excesso de demanda! Raríssimos comentários foram coerentes em apontar a falta de oferta como o maior fator de desequilíbrio da atividade econômica.
Aliás: o que é oferta? E o que é demanda?
Em economia, a Lei da Oferta e Procura, também chamada de Lei da Oferta e da Demanda, é a lei que estabelece a relação entre a demanda de um produto - isto é, a procura - e a quantidade que é oferecida, a oferta. A partir dela, é possível descrever o comportamento preponderante dos consumidores na aquisição de bens e serviços em determinados períodos, em função de quantidades e preços. Nos períodos em que a oferta de um determinado produto excede muito a procura, seu preço tende a cair. Já em períodos nos quais a demanda passa a superar a oferta, a tendência é o aumento do preço.
Segundo os autores clássicos, o aumento do investimento provoca um efeito multiplicador da demanda agregada. Ou seja: quanto maior a produção, maior a renda e, consequentemente, maior a demanda. Se é esse o motivo, não existe remédio senão aumentar a produção e a oferta de mais produtos para restabelecer o equilíbrio.
Se o discurso oficial aponta para melhores condições de vida, de renda, de crescimento, entre tantas outras virtudes, porque o remédio será, mais uma vez, a punição do consumidor, que pagará mais caro e ficará, mesmo com dinheiro em mãos, privado de alguns bens e serviços?
Falta coerência. Falta política produtiva que garanta condições iguais para todos os agentes. Falta ação econômica de governo, cumprindo seu papel de agente fiscalizador, distribuidor e alocador de recursos.
Enquanto isso, continuaremos ouvindo as mesmas justificativas: o preço aumentou porque muita gente está procurando o produto (demanda alta). A culpa é do cliente, que não tem sempre razão. Neste caso, ele insiste em querer usufruir de seu esforço e gastar seu dinheiro comprando aquilo que atende suas necessidades! Não pode: o discurso oficial quer que acreditemos que o crescimento não se faz com trabalho e renda, e sim com aumento nas margens de lucro de pequena parcela do setor produtivo, preferencialmente aquela parcela alinhada com os interesses governistas.
Ou então cabe ao cliente fazer valer a sua força, seu poder de compra e direcionar seu dinheiro para outros produtos e serviços, substitutos dos tradicionais, obrigando o famigerado mercado a reduzir seus preços.
Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor da Fatec Sertãozinho e Unip RP, é membro da Academia Sertanezina de Letras (ASEL). A Fatec está com inscrições abertas para o Processo Seletivo até o dia 7 de junho. Acesse www.vestibularfatec.com.br, escolha a Fatec Sertãozinho e um de nossos cursos.