Falando de Economia com Beto Bellini - Reajuste do salário mínimo aquece a economia
Prudência, essa é a regra. A notícia do reajuste do salário mínimo já desperta nas pessoas a curiosidade sobre o que será possível consumir com a diferença. A orientação ainda é a mesma: planejamento. O aumento é pequeno se considerarmos valores absolutos, mas é significativo dentro do contexto da economia.
O salário mínimo em 2025 será de R$ 1.502, com aumento nominal de 6,39%. O reajuste consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, enviado na segunda-feira (15/04) ao Congresso Nacional.
Em 2024, o salário mínimo está em R$ 1.412, com ganho real de 3% em relação a 2023. O valor de R$ 1.412 corresponde ao INPC acumulado nos 12 meses terminados em novembro de 2023, que totalizou 3,85%, mais o crescimento de 3% do PIB em 2022.
Segundo o Planejamento, cada aumento de R$ 1 no salário mínimo tem impacto de aproximadamente R$ 370 milhões no Orçamento. Isso porque os benefícios da Previdência Social, o abono salarial, o seguro-desemprego, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e diversos gastos são atrelados à variação do mínimo. Na Previdência Social, a conta considera uma alta de R$ 66,7 bilhões nas despesas e ganhos de R$ 63,1 bilhões na arrecadação.
O salário mínimo paulista para 2024 deverá ficar em R$ 1.640, com reajuste acima da inflação pelo segundo ano seguido e aumento acumulado de até 27,7% em relação ao piso estadual de 2022. O governador enviou a proposta à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na última terça-feira (30) com valor 16,1% acima do salário mínimo do Governo Federal, estabelecido em R$ 1.412 desde o início deste ano.
O valor do salário mínimo é anualmente revisto para preservar o poder aquisitivo e garantir a sobrevivência financeira dos trabalhadores.
O aumento real do salário mínimo acontece, em resumo, quando o ganho dos trabalhadores está acima da inflação do período, garantindo que haja um ganho no poder de compra, e não uma mera manutenção da remuneração.
Isso pode ter um impacto positivo significativo na qualidade de vida dos trabalhadores de baixa renda e ajudar a reduzir a pobreza e a desigualdade social.
De qualquer forma, o maior impacto sempre é pelo aumento da atividade econômica, gerando mais circulação do dinheiro, emprego e renda pelo aumento da produção.
Nas mais recentes crises de desabastecimento, o argumento sempre foi esse: o excesso de demanda! Raríssimos comentários foram coerentes em apontar a falta de oferta como o maior fator de desequilíbrio da atividade econômica.
Falta coerência. Falta política produtiva que garanta condições iguais para todos os agentes. Falta ação econômica de governo, cumprindo seu papel de agente fiscalizador, distribuidor e alocador de recursos.
Enquanto isso, continuaremos ouvindo as mesmas justificativas: o preço aumentou porque muita gente está procurando o produto (demanda alta). A culpa é do cliente, que não tem sempre razão. Neste caso, ele insiste em querer usufruir de seu esforço e gastar seu dinheiro comprando aquilo que atende suas necessidades!
Ou então cabe ao cliente fazer valer a sua força, seu poder de compra e direcionar seu dinheiro para outros produtos e serviços, substitutos dos tradicionais, obrigando o famigerado mercado a reduzir seus preços.
Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em Administração, professor da Unip/RP e da Fatec Sertãozinho (www.vestibularfatec.com.br), é membro da Academia de Letras de Sertãozinho (ASEL).