Falando de Economia com Beto Bellini - Taxa de juros começa a cair
O Banco Central decidiu fazer o primeiro corte em três anos na taxa básica de juros, que passou de 13,75% para 13,25% ao ano.
O Copom justificou a queda de 0,5 ponto percentual à melhora do quadro inflacionário. Em comunicado, destacou também o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.
O Banco Central sinalizou também que o comitê avalia novos cortes na mesma magnitude nas próximas reuniões.
A taxa básica de juros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, ao influenciar o nível de todas as demais taxas praticadas no mercado.
Quando os juros sobem, fica mais caro para famílias e empresas emprestarem dinheiro para consumir e investir. Quando os juros caem, como agora, é esperado efeito contrário.
A expectativa dos analistas é de que a Selic seja reduzida gradualmente ao longo dos próximos meses, chegando a 12% ao fim deste ano, 9,25% em dezembro de 2024 e 8,75% em 2025 e 8,5% em 2026, segundo expectativas colhidas pelo boletim Focus do Banco Central.
Mas como essa queda dos juros deve afetar as principais modalidades de crédito usadas pelos consumidores brasileiros, como cartão de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais?
Juros menores barateiam o crédito, favorecendo o consumo. Um corte na Selic, ainda que pequeno, vai se refletir nas taxas cobradas por bancos e lojas, o que ajuda a impulsionar o consumo das famílias. Mas esse efeito não é imediato.
Com mais crédito, famílias têm alívio no orçamento. Ou seja: quem vai financiar um carro ou um imóvel, por exemplo, pode ter um custo menor.
O corte nos juros pode estimular a tomada de decisão das empresas. Quando os juros estão altos, o custo de operação de uma empresa também é maior, o que desestimula investimentos e contratações.
Por mais que o Banco Central comece os cortes em agosto, os efeitos da taxa de juros mais baixa só devem começar a aparecer na economia entre 12 e 18 meses. Ou seja, com essa defasagem o impacto de uma Selic mais baixa só deve aparecer no final de 2024.
Inicialmente, o reflexo nas famílias será pouco percebido. Nos três primeiros meses, serão no custo de empréstimos e financiamentos. Em até dois anos, os impactos são mais visíveis devido a um fortalecimento da economia e a retomada de investimentos de empresas e novos negócios.
O comunicado divulgado pelo Copom após a decisão trouxe mensagens importantes a serem consideradas para a trajetória da taxa básica de juros. Entre elas que o ciclo de corte de juros foi iniciado, mas mercado deve manter os ânimos contidos nas projeções para as próximas reuniões e, também, o cenário inflacionário ainda apresenta riscos de alta e baixa dos preços adiante, e a conjuntura demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, é professor da Fatec Sertãozinho e Unip RP.