Falando de Economia com Beto Bellini - Uma questão de comportamento

15/01/2024

Existe uma frase atribuída a Millôr Fernandes que diz o seguinte: “O futuro chega com tal rapidez que começo a desconfiar que agora está atrás de mim”.

E a questão ainda gerou algumas conversas com outros amigos e alunos.

Vivemos uma época de profunda deterioração das relações interpessoais. O ritmo de vida acelerado, a inevitável cobrança por resultados, a rapidez das mudanças e a internet contribuem para isso. Cada vez mais cobramos dos outros aquilo que não oferecemos.

O sucesso de uma organização é muito similar ao sucesso pessoal. A busca da eficácia e eficiência são parâmetros de condução das ações. Por exemplo: uma empresa que cumpre prazos, entrega o produto solicitado na adequada especificação, pelo preço correto sempre tem mais credibilidade nas relações comerciais.

O alcance do lucro é necessário, até mesmo obrigatório. E não apenas qualquer lucro, mas um lucro satisfatório. Para tanto, a ação deve ser sistêmica, envolver todos os setores e todas as pessoas. Sim, pessoa, gente, capital humano, o maior diferencial de qualquer organização. Investir na qualidade das pessoas e estimular o relacionamento interpessoal, intergrupal e intraorganizacional são tarefas simples para qualquer gestor. Tão simples que muitos não fazem, por achar que isso é resultado natural da existência humana, não pode ser mexido.

Uma outra citação, atribuída ao Papa João Paulo II, ensina que “a humanidade possui hoje instrumentos que podem transformar o mundo num jardim ou reduzi-lo a um monte de ruínas”. A escolha é nossa, sempre.

Todos somos vítimas do sistema que criamos. Estamos cada vez mais perdendo nossa identidade.

O sistema social infiltra-se em nossa personalidade, escasseando a produção de pensamentos singelos, tranquilos, serenos e alegres. O reforço negativo é muito maior e convivemos com mentiras, enganação, corrupção, como se isso fosse a parte natural da existência. CIDADÃO é uma pessoa capaz de criar ou transformar, com outros, a ordem social. É a quem cabe cumprir e proteger as leis que ele mesmo ajudou a criar.

Na música de Ivan Lins, aprendemos que “Pra que nossa esperança seja mais que vingança, seja sempre o caminho que se deixa de herança”. Construir uma existência ética é nossa tarefa mais difícil, mas é o que importa. Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.

Apontar os outros como culpados pelos nossos erros é sempre mais fácil. Distorcer a verdade quando sob pagamento é atentar contra nossa própria existência e isso ficará marcado na nossa história.

Nunca é muito fácil falar de amor, de coisas positivas. Mas vale a pena.

E aproveito ainda o espaço para prestar uma simples homenagem aos nossos pais, pedindo desculpas por não colocarmos em prática todo o amor que eles nos ensinam diariamente. Que estejamos presentes em suas vidas como eles estão nas nossas. Boas férias, descanse, converse mais. A vida vai além das redes sociais.

 

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, professor do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e da Unip/RP.