Falta de diálogo nas organizações, um custo alto e invisível

Por Patricia Ansarah*

Frustração, redução de produtividade e desperdício de recursos são apenas algumas das consequências de um ambiente corporativo onde há falta de diálogo. Quando os problemas não são discutidos, simples desafios se transformam em impasses prolongados, comprometendo o desempenho da equipe e gerando prejuízos significativos. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que 70% dos brasileiros evitam falar sobre dificuldades no trabalho por medo de represálias. Esse cenário não só prejudica a inovação e o crescimento profissional, como também custa caro às empresas, pois perdem tempo, dinheiro e talentos por falta de comunicação efetiva.

Os efeitos dessa cultura ficam ainda mais evidentes quando se trata do impacto financeiro dos atrasos na resolução de problemas. Além de gerar frustração e prejudicar a produtividade, a falta de soluções resulta em desperdício de recursos e compromete o andamento das atividades. Segundo pesquisa da Crucial Learning, esses impasses já causaram prejuízos de mais de 25 mil dólares para muitas organizações, reforçando que a ineficiência na gestão de problemas não é apenas uma questão interna, mas um fator determinante para a sustentabilidade e o sucesso dos negócios.

Além dos impactos visíveis, o silêncio no ambiente de trabalho gera um custo invisível que afeta diretamente a saúde emocional dos funcionários, contribui para a perda de talentos e corrói a cultura organizacional. Situações como bullying e assédio, quando ignoradas, não só enfraquecem o ambiente interno, como também mancham a reputação da empresa. A longo prazo, deixar de abordar essas questões compromete a sustentabilidade do negócio, afastando profissionais qualificados e até mesmo prejudicando relacionamentos com parceiros e clientes.

A falta de feedback no ambiente corporativo gera incerteza, desmotivação e compromete tanto a produtividade quanto o engajamento dos funcionários. Sem um feedback claro sobre seu desempenho, os funcionários perdem o controle de suas entregas e não sabem se estão no caminho certo. Além disso, a falta de uma cultura de feedback inibe a inovação, pois os erros não são corrigidos em tempo hábil e os acertos não são valorizados ou replicados.

Por fim, é essencial reconhecer que conversas difíceis são inevitáveis e essenciais para a saúde de qualquer ambiente — seja corporativo, escolar ou familiar. Adiar esses diálogos ou optar pelo silêncio não só prejudica a comunicação, mas também enfraquece a cultura organizacional. Para que essas trocas de ideias resultem em mudanças reais e produtivas, é crucial que elas aconteçam em um ambiente seguro, onde os envolvidos não temam retaliações.

Quatro dicas para evitar que a falta de comunicação prejudique o ambiente de trabalho

• Promova o diálogo aberto: incentivar a comunicação evita impasses e melhora o desempenho da equipe.
• Crie um ambiente seguro: garantir a segurança nas conversas permite que os problemas sejam resolvidos sem medo de represálias.
• Estabeleça uma cultura de feedback: fornecer feedback constante melhora o desempenho, a motivação e a inovação.
• Resolva os problemas rapidamente: resolver esses problemas preserva o bem-estar dos funcionários e a reputação da empresa.

*Pioneira do conceito de segurança psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional Patricia Ansarah — com mais de 20 anos de experiência atuando em RH e como executiva em grandes empresas — criou o Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP) para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil, além de oferecer soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de equipes e organizações.

contato@betinicomunicacao.com.br 

LEGENDA:

Patricia Ansarah, fundadora do IISP, no Summit 2023