Feliz 2023

12/04/2021

Muita gente deve estar se perguntando porque no primeiro semestre de 2021 alguém possa desejar à população do Brasil um Feliz 2023...

A razão é simples, mas é uma razão bastante dolorida para nós brasileiros, e estou tentando manter a calma e a neutralidade na tentativa de escrever este artigo para que ele não saia muito tenebroso como o momento em que estamos vivendo.

Façamos uma correlação: em 1968 o Zuenir Ventura escreveu ‘...1968 o ano que não acabou’. Agora podemos pensar o contrário, '2021 o ano que já acabou, 2022 o ano que não vai existir'. Espero estar errado, mas felizmente conheço a história do Brasil e a história da Humanidade.

Posso até dizer que eu nasci há 100 mil anos atrás. Os seres humanos fazem as mesmas coisas a exatamente 100 mil anos.

Platão concordaria comigo completamente e também o grande Maquiavel que já disse ‘os seres humanos estão sempre fazendo as mesmas coisas’, portanto podemos prever o que eles estão a fazer, podemos saber o futuro político de uma nação por aquilo que se fez no passado. Valter Benjamin, um grande filósofo judeu que se suicida quando é cercado pelas forças nazistas também dizia muito claramente ‘você quer saber para onde vai um país, para onde vai uma ideologia, para onde vai um sonho, olhe para o passado desse país, desses ideólogos porque está no passado e é evidente a origem do futuro.

Então o futuro do Brasil será exatamente igual ao seu passado, e principalmente no Brasil, que, ao contrário do que as pessoas pensam, não é um país novo, somos mais velhos que os EUA, muito mais velhos que os EUA, não é um país gigante, a China é muito maior e o nosso jeito de fazer as coisas já está pronto. O Brasil está condenado a se repetir, principalmente agora num momento de pandemia. As pessoas estão apostando nos extremos, vamos nomeá-los com a maior neutralidade possível entre Lula e Bolsonaro.

Eu não sou de nenhum dos dois lados e até diria que se o Bolsonaro for capaz de unir o Brasil meu voto é dele. Se o Lula for capaz de unir o Brasil meu voto é dele. Eu não tenho preconceitos políticos contra nenhum dos políticos que aí estão. É preciso nessa hora de dificuldade pensar o Brasil, e não os partidos, e não os desejos individuais e muito menos naqueles líderes que dividem o país. O Brasil precisa entrar na guerra contra a crise econômica que virá e que será duríssima e quando atingirmos algum tipo de normalidade na doença ou no fim da doença estaremos muito prejudicados economicamente, mais do que agora, por isso o discurso correto é justamente o discurso da unidade.

Mas isso, conhecendo os seres humanos, sabemos que é impossível porque nos momentos de crise as pessoas buscam os extremos, é no momento de crise que surgem de um lado Hitler e de outro Stálin. Ninguém quis ouvir o bom senso. Partiu-se para as divisões, e os resultados todos nós sabemos.

Desse modo o Brasil tende a fracassar, e Deus permita que eu esteja errado, teria o maior orgulho, a maior felicidade de dizer que pela primeira vez eu me enganei em uma profecia. Quem me conhece sabe que eu já fiz muitas e que não errei nenhuma. Previ a queda da Dilma um ano antes do impeachment, previ que o PT não daria certo na presidência da República 10 anos antes, quando Lula nem era candidato porque conheço o Brasil, me dedico a estudar esse país há 40 anos com assiduidade, metodologia, frieza de cálculo como se eu fosse um biólogo estudando um paramécio. Por isso, posso dizê-lo, o caminho que estamos tomando é o caminho errado, não deveríamos apostar na divisão do país.

Veja, infelizmente só a ideia de impeachment de Jair Bolsonaro é o suficiente para destruir o governo dele. Lembremo-nos, a senhora Darcy Vera, quando começou seu segundo mandato, imediatamente o Ministério Público começou a pegar no pé dela, daí sua administração ter sido um fracasso, pois os empresários a abandonaram. Qual foi o resultado? Ela só foi cair muito depois, mas isso é importante, os empresários que são as pessoas que tem o dinheiro pra tocar a economia em qualquer momento, mas principalmente num momento de crise a elite não iria apostar numa administração que está para ser derrubada.

Logo, uma das coisas que vai, e já está paralisando o governo do Bolsonaro (atenção bolsonaristas, não tenho nada contra o Capitão) o que está paralisando o governo do presidente, é a imprensa falar o tempo todo em impeachment, e quando você, bolsonarista diz que não haverá impeachment sem querer está colaborando para a ideia de que deve haver a cassação. Por consequência mesmo que não haja a queda do governo, esse já acabou, pois os empresários não vão colocar dinheiro, já não iriam colocar com medo da covid e do tempo que suas lojas e empresas ficarão fechadas.

E num governo cuja divisão da população é muito clara e os ódios dos dois lados são irrefreáveis o resultado é que o empresário temendo o seu dinheiro, temendo a sua grana, vai colocá-lo em ações fora do Brasil ou em ações que estão em desconexão com a economia real, pensando na especulação e no lucro.

Ele não está errado, precisa manter a fortuna. Quem tem que pensar somos nós. Assim, essa coisa de desde janeiro de 2021, Lula, Dória, Jair, Ciro e outros estarem numa disputa eleitoral faz que os próximos dois anos já tenham acabado, porque ficaremos nesse rame-rame, nessa conversa boba, Lula, Dória, Jair, Ciro, os do centro e os extremos esta discussão está fazendo o país sangrar. Repito: justamente no meio de uma pandemia, onde estaríamos, e deveríamos estar, todos unidos na luta contra a real inimiga, a covid.

Então, se eu estiver certo, os dois próximos anos não existirão, eles já acabaram, porque nós vamos ficar numa disputa extremo A, extremo B ou centrão, como querem os empresários na carta que acabaram de soltar dos presidenciáveis se colocando como uma opção, enquanto isso for discutido tão longe da eleição e tão perto da doença, o país está paralisado. Perderemos dois anos e só quando soubermos quem ganhou a eleição, e se essa pessoa, espero em Deus, seja capaz de unir o povo, de dar uma esperança, aí sim poderemos ter um 2023 feliz.

E que venceremos a covid, caso contrário estaremos mais uma vez jogando um país rico no lixo da história, como infelizmente várias vezes nós fizemos. Acontece que o povo brasileiro, todo ele, não tem medo de apostar contra o país e se meter em aventuras que se sabe não darão em nada. São anos perdidos. Depois teremos uma, duas décadas para recuperar. Ninguém esquece da década perdida de 1980. Nós só fomos recuperar as bobagens que foram feitas na economia nos anos 1981 e 1982 (quem estava vivo na época sabe o quão difícil foram esses anos) só foram recuperadas em 1995, com o Plano Real.

De modo que é preciso que o povo brasileiro coloque a mão na cabeça e pare com brigas tolas, com extremismos baratos que não vão levar a lugar nenhum porque pelo menos é muito necessário que tenhamos um Feliz 2023!

Autor: Egydio Neves Neto