Gastando sem controle

Gastando sem controle
06/02/2023

Recentemente, fui abordado no supermercado por uma família que acompanha esta coluna no jornal. Um casal com dois filhos, com 15 e 11 anos, muito simpático e interessado no assunto. Primeiro, narrou que muitas coisas melhoraram quando passou a controlar mais corretamente as despesas e as receitas, inclusive com premiação a todos quando algumas metas eram alcançadas. Porém, não estava conseguindo avançar mais e ainda queimava muito dinheiro sem perceber.

Das brincadeiras, passamos para a ação: aos moldes dos programas de televisão, decidimos por uma consultoria residencial. Abriram as portas (e as contas) da casa para identificarmos o que poderia ser feito. Passo seguinte, agendamos a visita e determinamos o que deveria ser feito por cada um. A resposta é obvia: apesar do belo controle das compras no supermercado, do uso dos produtos em casa, dos eletrodomésticos, carro, todas as contas em ordem, as pequenas despesas estavam “comendo” o lucro obtido.

O casal não havia admitido que os pequenos gastos diários consomem muito dinheiro sem que percebamos. A conta simples que um único, fedorento e nocivo maço de cigarros diário consumia cerca de R$ 240,00 mensais não tinha sido considerada. Que três cervejas (isso mesmo: três!) ao dia, ainda que compradas em supermercados e geladas em casa, levavam quase R$ 500,00. E mais R$ 10,00 por dia para o lanche escolar dos filhos consumia ainda R$ 220,00. E, de pipoca em pipoca, salgadinho, refrigerante, balinha e chocolate, mais R$ 300,00 sumiam misteriosamente. Somando tudo: R$ 1.260,00 desperdiçados.

É claro que a família não precisa abrir mão de tudo, mas pode priorizar algumas contas e substituir outras. Uma economia de 25% dos gastos acima garante uma sobra de R$ 3.780,00 ao ano, uma bela viagem de férias e muitos (e bons) presentes no Natal. Pode ser uma lembrancinha de aniversário, um happy hour de última hora ou até um cafezinho para levantar o final da tarde de trabalho. Se frequentes, esses pequenos gastos imprevistos do dia a dia podem desequilibrar o seu orçamento e dar um susto no seu bolso antes mesmo do fim do mês.

Para evitar esse tipo de problema, basta que você se organize e conheça o seu perfil de gastos.

 

1- Veja qual é o seu orçamento para gastos variáveis.

Como a maioria dos pequenos gastos não acontece em períodos pré-definidos, o ideal é inseri-los nessa categoria para fazer as contas. Se o gasto tiver alguma periodicidade (por exemplo, um almoço fora de casa todo mês, ou corte de cabelo), pode ser uma boa ideia que você o classifique como gasto fixo.

 

2- Defina o que é um gasto pequeno para você.

Gastar “muito” ou “pouco” é algo subjetivo: depende do quanto você ganha e do quanto o seu dinheiro já está reservado para outras contas mais importantes (alimentação, aluguel, escola, etc.). Pode ser R$ 5,00, R$ 10,00 ou R$ 50,00; o importante é que o valor definido se encaixe com uma certa folga na quantia destinada aos gastos variáveis.

 

3- Liste quais são esses gastos.

Pode ser um simples cafezinho diário, uma revista comprada toda semana ou até aquele conserto do eletrodoméstico que pifou do nada. Não importa o valor ou a periodicidade, é importante colocar todos esses gastos na ponta do lápis. Quanto mais você tentar prevê-los, melhor para o seu bolso, que será mais bem planejado.

 

4- Compare o resultado com o seu orçamento.

O que você gastou com essas coisas pequenas passou, zerou ou coube com folga no seu orçamento com gastos variáveis? Com base nessa resposta, veja se é necessário analisar o porquê daquela compra (necessidade ou vontade, etc.). Lembre-se que alguns gastos pequenos e frequentes, como tomar o café da manhã na rua, pode fazer uma grande diferença no seu bolso no final do mês.

  

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, professor do curso de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e da Unip/RP.