GASTANDO SEM CONTROLE

31/10/2022

Recentemente, fui abordado no supermercado por uma família que acompanha esta coluna. Um casal com dois filhos, com 15 e 11 anos, muito simpáticos e interessados no assunto.

Primeiro, narraram que muitas coisas melhoraram quando passaram a controlar mais corretamente as despesas e as receitas, inclusive com premiação a todos quando algumas metas eram alcançadas. Porém, não estavam conseguindo avançar mais e ainda queimavam muito dinheiro sem perceber.

Das brincadeiras, passamos para a ação: aos moldes dos programas de televisão, decidimos por uma consultoria residencial, em que abririam as portas (e as contas) da casa para identificarmos o que poderia ser feito. Passo seguinte: agendamos a visita e determinamos o que deveria ser feito por cada um.

A resposta é obvia: apesar do belo controle das compras no supermercado, do uso dos produtos em casa, dos eletrodomésticos, carro, todos as contas em ordem, as pequenas despesas estavam “comendo” o lucro obtido. Eles não haviam admitido que os pequenos gastos diários consomem muito dinheiro sem que percebamos.

A conta simples que um único, fedorento e nocivo maço de cigarros diário consumia cerca de R$ 150,00 mensais não tinha sido considerada. Que três cervejas (isso mesmo, três!) ao dia, ainda que compradas em supermercados e geladas em casa, levavam quase os mesmos R$ 150,00. E mais R$ 10,00 por dia para o lanche escolar dos filhos consumiam ainda R$ 220,00. E, de pipoca em pipoca, salgadinho, refrigerante, balinha e chocolate, mais R$ 300,00 sumiam misteriosamente. Somando tudo: R$ 880,00 desperdiçados.

É claro que a família não precisa abrir mão de tudo, mas pode priorizar algumas contas e substituir outras. Uma economia de 25% dos gastos acima garante uma sobra de R$ 2.640,00 ao ano, uma bela viagem de férias e muitos (e bons) presentes no Natal.

Pode ser uma lembrancinha de aniversário, um happy hour de última hora ou até um cafezinho para levantar o final da tarde de trabalho.

Se frequentes, esses pequenos gastos imprevistos do dia a dia podem desequilibrar o seu orçamento e dar um susto no seu bolso antes mesmo do fim do mês.

Para evitar esse tipo de problema, basta que você se organize e conheça o seu perfil de gastos.

 

1- Veja qual é o seu orçamento para gastos variáveis.

Como a maioria dos pequenos gastos não acontece em períodos predefinidos, o ideal é inseri-los nessa categoria para fazer as contas.

Se o gasto tiver alguma periodicidade (por exemplo, um almoço fora de casa todo mês, ou corte de cabelo), pode ser uma boa ideia que você o classifique como gasto fixo.

 

2- Defina o que é um gasto pequeno para você.

Gastar “muito” ou “pouco” é algo subjetivo: depende do quanto você ganha e do quanto o seu dinheiro já está reservado para outras contas mais importantes (alimentação, aluguel, escola, etc.).

Pode ser R$ 5,00, R$ 10,00 ou R$ 50,00. O importante é que o valor definido se encaixe com uma certa folga na quantia destinada aos gastos variáveis.

 

3- Liste quais são esses gastos.

Pode ser um simples cafezinho diário, uma revista comprada toda semana ou até aquele conserto do eletrodoméstico que pifou do nada. Não importa o valor ou a periodicidade. É importante colocar todos esses gastos na ponta do lápis. Quanto mais você tentar prevê-los, melhor para o seu bolso, que será mais bem planejado.

 

4- Compare o resultado com o seu orçamento.

O que você gastou com essas coisas pequenas passou, zerou ou coube com folga no seu orçamento com gastos variáveis? Com base nessa resposta, veja se é necessário analisar o porquê daquela compra (necessidade ou vontade, etc). Lembre-se que alguns gastos pequenos e frequentes, como tomar o café da manhã na rua, pode fazer uma grande diferença no seu bolso no final do mês.

  

Gilberto César Ortolan Bellini, mestre em administração, professor de Gestão Empresarial da Fatec/STZ e professor da Unip/RP Dúvidas ou sugestões, escreva para admrp@bol.com.br.

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