IMPASSE - Examinador do DETRAN é vetado por instrutores de autoescolas e alunos

Atitudes de um avaliador escalado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo
07/03/2016

Na manhã da última quinta-feira, 3, aconteceu uma confusão na Praça Antonio Almussa, local onde acontece o exame prático para o certificado da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os instrutores de autoescolas de Sertãozinho e os alunos se reuniram e resolveram não fazer o exame alegando não confiarem no examinador escalado pelo DETRAN naquela data. O impasse durou cerca de duas horas. As provas são marcadas para 9 horas da manhã, mas, com a confusão e a troca do examinador, alunos e instrutores ficaram por cerca de duas horas esperando resolver a situação. Para piorar, o lugar escolhido pelo DETRAN não oferece o mínimo de conforto aos alunos.

A Praça Antonio Almussa não tem banheiros e nem bebedouros de água, deixando as pessoas em situação desagradável. Na última quinta-feira foi ainda pior com a demora para o início dos exames.

Sertãozinho tem dez autoescolas. A cada quinta-feira cerca de 80 alunos realizam as provas do DETRAN, no primeiro horário (9 horas). No último dia 3, quinta-feira, 54 alunos aguardavam o exame.

Tudo começou quando, no início das provas, o examinador Antonio Carlos, oriundo de Ribeirão Preto, indicado pelo DETRAN, disse ao instrutor Carlos Silva, da Autoescola São Judas Tadeu, que a sua aluna seria reprovada porque o pneu do carro estava fora das especificações.

“Eu acho que é um absurdo o que esse rapaz pensou em fazer sem nos notificar. Simplesmente desceu do carro e disse que ia reprovar a minha aluna porque o pneu está careca. O pneu não está novo, só que não é motivo. A coisa está muito difícil para nós e eles ainda ficam querendo pegar ‘pelo em ovo’. O ‘cara’ tem que ter mais respeito com a gente. Analisa o aluno, depois me notifica do que eu tenho que melhorar no meu carro e não querer reprovar aluno assim. E outra, o exame está marcado para 9 horas e eles nunca chegam no horário - sempre 9 e meia. Os alunos se estressam. E nós, saindo do exame, já temos alunos agendados para dar aula - aí atrasa tudo ou até somos obrigados a ligar e desmarcar as aulas”, disse o instrutor Carlos Silva. 

Em seguida, o examinador disse que estaria vetando o carro do instrutor Aparecido Justino (Cidinho Justino), do Autoescola Real, por entender que o veículo estaria irregular, alegando falhas no sistema automático de setas. O instrutor mostrou à reportagem do JA que manualmente as setas estão funcionando perfeitamente e que teria faltado bom senso ao examinador.

“Se você está em uma estrada, quebra a seta do seu veículo, o Código prevê que você deve usar o braço para sinalizar.  Então, como pode um examinador, sem nos notificar ou avisar, chegar e dizer que meus alunos não vão fazer o exame porque o meu carro não está devidamente preparado para realizar a prova. A coisa está feia. Estamos vendendo o almoço para comer o jantar, e ainda esses caras querem buscar coisa onde não tem. Está duro para sobreviver na profissão, ninguém aguenta mais tanta burocracia e invenção”, desabafou Cidinho Justino.

Antes das alterações, os exames eram realizados em Sertãozinho pelo CIRETRAN e as provas eram realizadas pelo Delegado de Polícia Dr. Araújo, ou por agentes indicados por ele. Com as mudanças promovidas pelo Estado e pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, o exame é agora todo de responsabilidade do DETRAN.

Roberto Boccalon, instrutor de Autoescola da Real Despachante, disse que, quando era o CIRETRAN, comandado pelo Dr. Araújo, nunca aconteceu um fato como este.

 “Os instrutores eram chamados lá na sala do delegado e aí ele passava o que tinha que ser feito para o instrutor se adequar às norma. Nunca desmoralizou ninguém em público e nunca causou constrangimento para nenhum aluno. Fizemos uma reunião no DETRAN e foi confeccionada uma cartilha de como as coisas iriam funcionar. Só que cada examinador que vem de fora impõe a sua vontade ou a sua maneira.   Aquilo que foi combinado não acontece, estamos em um período de adaptação”, relatou Boccalon.

Após toda a confusão, tentamos falar com o examinador ou até mesmo com a mesária do exame, mas eles nos disseram que não tinham autorização para dar entrevistas e que nós deveríamos procurar a assessoria de imprensa do DETRAN.SP. E foi o que fizemos. Ligamos e a nota apresentada mostrou que o primeiro examinador Antônio Carlos realmente estava usando um critério que acabou desagradando a todos, inclusive os mesários do exame. Levando em conta o que diz a nota da assessoria de imprensa, alguns exageros podem ser evitados. Claro que isso não dá o direito aos instrutores andarem com seus veículos fora das normas do Código Nacional de Trânsito. O que ficou claro é que o pneu não comprometeria o exame de trânsito e que uma notificação foi feita ao condutar do carro. É este bom senso que pode ter faltado ao examinador que foi substituído, inclusive, na nota, nem foi citado o ocorrido com o carro do instrutor Cidinho Justino, caso da seta eletrônica.