ITAIPU DOS CANAVIAIS - Energia do bagaço da cana abastece Hospital de Câncer de Barretos

22/02/2016

Através do projeto ‘Energia do Bem’ HCB economiza R$ 1 milhão por ano

 

Eddie Nascimento

 

A energia elétrica obtida através do bagaço da cana-de-açúcar pode não ser uma grande novidade para quem mora na região de Sertãozinho. Por aqui as usinas já utilizam há muitos anos essa energia que provem da queima do bagaço de cana-de-açúcar, chamado de “biomassa”.

Para se ter uma ideia, atualmente a energia da biomassa corresponde a 78,63% de toda a energia gerada através desse processo no país.

Um estudo recente divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) destaca que os investimentos no último ano em energias renováveis no mundo cresceram consideravelmente, especialmente em países em desenvolvimento, como China, Brasil e países africanos.

O potencial da biomassa vem crescendo a cada ano e já é a terceira maior fonte de energia no Brasil, atrás apenas da hídrica e da energia fóssil, como o petróleo por exemplo.

Após a maior crise hídrica, que afetou principalmente a geração de energia no Brasil, as atenções se voltaram para outros tipos de geração de energia, sendo uma dessas fontes, a biomassa que já é responsável por pouco mais de 10% de toda a energia elétrica produzida no país. Apesar de ser uma energia limpa e mais barata, a biomassa ainda não atraiu grandes investimentos do governo federal. Porém, um projeto desenvolvido aqui no interior de São Paulo é o diferencial para quebrar essa desconfiança e mostrar que a energia obtida através do bagaço e palha da cana é primordial.

Desde 2012, o Hospital de Câncer de Barretos (HCB), responsável pelo atendimento diário de mais de 4 mil pessoas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vem economizando, a cada ano, mais de R$ 1 milhão graças a ação solidária de cinco empresas do setor sucroenergético. Elas são integrantes do Projeto ‘Energia do Bem’. As usinas Guarani, São José da Estiva, Pitangueiras, Virálcool – associadas à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) – e Santa Isabel, sazonalmente doam à instituição uma média de 2.513 MWh de bioeletricidade gerada a partir da biomassa da cana (palha e bagaço), representando até 30% das necessidades anuais por energia elétrica atendidas sem nenhum custo. De agosto de 2012 a dezembro de 2015, o projeto doou um total de 8.646 MWh de energia sucroenergética ao HCB, cujo gasto anual com eletricidade alcança cifras superiores à R$ 4 milhões.

Segundo o gerente de engenharia do HCB, Jadis de Santis Júnior, a iniciativa das usinas, além de ajudar o hospital a se equilibrar financeiramente, também traz reflexos positivos nos serviços prestados à população. “A doação minimiza bastante o déficit do hospital, o que impacta na qualidade do tratamento para os pacientes”, explica Júnior.

Já o diretor industrial da Usina Virálcool, Antônio Eduardo Tonielo Filho, destaca que atualmente seria possível, com a produção da bioenergia, abastecer uma cidade como Sertãozinho. “Hoje praticamente nós geramos mais que o dobro da energia que consumimos. Somente a energia que nós, aqui na nossa empresa vendemos durante a safra, daria para abastecer uma cidade do porte de Sertãozinho", revela Tonho Tonielo.

A ideia de uma “Itaipu dos canaviais” não é descartada. Segundo Tonho Tonielo seria possível sim, com investimentos do Governo Federal, abastecer cidades com energia elétrica captada através da biomassa. “Sim, existe essa possibilidade e temos consumidores para isso. É uma energia limpa e muito mais barata que qualquer outro tipo de energia. Ela é muito mais competitiva, barata e menos poluente. O que falta é incentivo, financiamento e também distribuição", finaliza.