JUDICIÁRIO - Reajuste de até 78% é 'insustentável', diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff classificou de "lamentável" e "insustentável" o projeto que concede reajuste de até 75% ao Judiciário aprovado na última terça-feira, 30, pelo Senado, e disse que ele compromete o ajuste fiscal. Antes de sua declaração, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, havia informado que o governo vetará a proposta.
"Nós achamos lamentável, porque é insustentável em um país como o nosso, em qualquer circunstância, dar níveis de aumento tão elevados" declarou a presidente.
"Essa proposta de reajuste aprovada pelo Senado é incompatível com a realidade econômica do Brasil de hoje, na qual várias empresas, vários trabalhadores estão enfrentando dificuldades no setor privado", observou Barbosa. Ele lembrou que o projeto foi enviado ao Congresso pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, quando a situação econômica do país era distinta.
Apesar das críticas, Dilma adotou um tom contemporizador e disse que a votação faz parte da democracia. "Eu tenho que agradecer ao Congresso. Uma parte expressiva do ajuste fiscal foi aprovada. Eu acho que tem hora que vocês criam um clima que não existe", disse a presidente, fazendo referência à imprensa. "A gente perde e a gente ganha."
Dilma foi mais diplomática do que seu ministro ao falar sobre a resposta do Executivo à votação e disse que não discutiria o veto antes da hora. "Eu tenho que respeitar os procedimentos legislativos."
Na avaliação de Barbosa, a proposta aumentaria o gasto púbico em R$ 25 bilhões até 2018. Barbosa ressaltou que a concessão de reajuste neste ano é impossível por não haver previsão no Orçamento para o gasto. Apesar disso, o projeto prevê o aumento em 2015, o que teria impacto de R$ 1,5 bilhão no segundo semestre.
O governo negocia agora com o Judiciário uma proposta alternativa, que adote reajustes menores e somente a partir de 2016. A oferta inicial do governo era de aumento de pouco mais de 21%. Barbosa observou que o Executivo pediu que a votação de terça-feira fosse adiada, para que houvesse possibilidade de concluir as negociações. "Estamos trabalhando em cenários alternativos não só para servidores do Judiciário, mas também do Executivo." (Agência Estado)