JUROS ALTOS - Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo para segurar a inflação

30/11/2015

Profº Gilberto Bellini

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu na quarta-feira (25) e decidiu manter novamente os juros básicos da economia inalterados em 14,25% ao ano - o maior patamar em mais de nove anos. Foi a terceira manutenção seguida dos juros pelo BC, que parou de subir a taxa Selic em setembro.

As centrais sindicais manifestaram posição contrária à política econômica do governo, alegando que a manutenção da taxa Selic em 14,25% vai prejudicar a indústria e o comércio neste final de ano.

A taxa de juros altos alimenta a recessão no país, aumenta o desemprego, torna a recuperação da atividade econômica mais distante e difícil. A alta taxa de juros encarece o crédito para consumo e para investimentos e tem sido ineficaz no combate à inflação, além de caminhar na contramão dos anseios da classe trabalhadora.

A decisão tomada em meio à desaceleração da economia e ao corte de empregos, significa impedir a retomada do crescimento e piorar a distribuição de renda no país. Este caminho só leva à recessão e aprofunda ainda mais a crise. O dinheiro fica mais caro, reduzindo o consumo. Isso causa diminuição na produção e desemprego.

A medida confirmou expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro. A percepção de que a taxa seria mantida nesta semana tinha por base a mudança do foco da política monetária, de tentar atingir a meta central de inflação de 4,5% somente em 2017 (e não mais no fim do ano que vem), e também indicações do próprio Banco Central.

Ao subir os juros ou mantê-los elevados, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo, atuando assim para segurar a inflação, que tem mostrado resistência neste ano por conta da alta do dólar (que supera 40% e encarece insumos e produtos importados) e dos preços administrados – como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros.

Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros altos prejudicam o nível de atividade da economia brasileira e, também, a geração de empregos. Para este ano, o mercado prevê uma retração do PIB de 3,15% e, para 2016, de 2%. Se confirmado esse cenário, será a primeira vez, desde 1948, o país registra dois anos seguidos de contração na economia.