Lembranças da minha juventude
Mudamos de São Paulo para Três Lagoas, naquele tempo Estado de Mato Grosso. Meu pai foi trabalhar na construção da Barragem de Jupiá, e a família o acompanhou. Morávamos na Vila Piloto, cidade construída dentro do município de Três Lagoas, hoje Estado de Mato Grosso do Sul. Tempo de aventuras e de fazer grandes amizades, que duram até hoje.
A “barragem” precisava de mão de obra e para lá migraram paraguaios, índios e brasileiros de todas as partes deste imenso país. Com uma excelente estrutura administrativa, ali eram providenciados documentos pessoais e uma muito boa assistência médica e educacional.
Porém, nem tudo era como o Pe. João gostaria que fosse...
No meio de tantas histórias de jagunços, vai hoje o preâmbulo da do Camisa de Couro – “seu” Antônio; o Antônio Joaquim Aragão, o jagunço sergipano que viveu em Três Lagoas entre os anos de 1959 e 1961 e ficou conhecido como Camisa de Couro. Sim, Camisa de Couro, vindo lá de Lagoa Redonda, município sergipano de Itabi, também era um jagunço que viveu, fez fama e morreu, aos 27 anos, no cerrado mato-grossense.
Antônio Joaquim Aragão (Camisa de Ouro), à direita, com amigos no Bar Esporte (Foto: Acervo Zaguir | José Luiz Cezero). Repare na mão esquerda do Camisa...
Acontece que, além de trabalhadores, a construção da barragem exigia também veículos, que em grande escala eram “alugados pelas construtoras incumbidas daquela obra. Vai daí o “Camisa” resolveu postular uma vaga para alugar um caminhão à Camargo Correa, a principal empreiteira da construção. Ocorre que, em uma das reuniões para tratar desse assunto, o Sr. Sebastião Franco - conhecido como “Boa Boca”, então chefe administrativo da “Camargo”, manifestou-se contrário à concessão para o caminhão do “Camisa”, pois, se houvesse necessidade de um corte nos aluguéis, ninguém poderia prever a reação do pistoleiro.
Pois é, para quem gosta de histórias do tipo de vida daqueles tempos, eu tenho um baú cheio delas. Mas vou contar algumas aqui em forma de capítulos. Ah, teremos fotos também! E preparem-se, pois, a partir da próxima edição do “AGORA”, irão começar os tiroteios...